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POLÍTICA

Governo brasileiro reage a ataques dos EUA contra o STF e acusa ingerência

Itamaraty e ministra Gleisi Hoffmann classificam falas de vice-secretário de Estado como ofensivas e violação da soberania nacional

10 agosto 2025 - 18h40Agência Brasil
Governo brasileiro reage a ataques dos EUA contra o STF e acusa ingerência
Governo brasileiro reage a ataques dos EUA contra o STF e acusa ingerência - (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

O Ministério das Relações Exteriores e a Secretaria de Relações Institucionais repudiaram neste sábado (9) as declarações do vice-secretário do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Christopher Landau, que acusou um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de "usurpar poder ditatorial" e "ameaçar líderes dos outros poderes".

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Em nota, o Itamaraty classificou a fala como "ataque frontal" à soberania e à democracia brasileiras. "Essa manifestação caracteriza novo ataque frontal à soberania brasileira e a uma democracia que recentemente derrotou uma tentativa de golpe de Estado e não se curvará a pressões, venham de onde vierem", declarou a pasta.

O ministério lembrou que essa foi a segunda manifestação hostil do governo norte-americano em três dias. Na sexta-feira (8), o governo já havia transmitido à embaixada dos EUA seu "absoluto rechaço" a ingerências em assuntos internos, prometendo reagir sempre que o país for alvo de "falsidades" como as ditas por Landau.

A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também criticou as declarações, chamando-as de "arrogantes" e uma "gravíssima ofensa" ao Brasil e ao STF. Ela acusou Jair Bolsonaro de ter tentado usurpar o poder e responsabilizou a família do ex-presidente por prejudicar as relações diplomáticas com Washington. "Nenhum poder constitucional brasileiro encontra-se impotente. Executivo, Legislativo e Judiciário rechaçaram o golpe de 8 de janeiro, a chantagem de Donald Trump, o motim bolsonarista pela anistia e as sanções violentas contra o ministro Alexandre de Moraes e outros ministros do STF", afirmou.

Landau, sem citar diretamente Alexandre de Moraes, disse que um magistrado teria acumulado "autoridade excessiva" e "destruído a relação histórica de proximidade" entre Brasil e Estados Unidos. Ele defendeu que é possível negociar com líderes do Executivo e Legislativo, "mas não com um juiz". O texto foi originalmente publicado em inglês e traduzido pela Embaixada dos EUA no Brasil.

Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios da embaixada, Gabriel Escobar, para manifestar indignação com o tom das mensagens recentes do Departamento de Estado. Dois dias antes, a própria embaixada havia traduzido declaração do secretário de diplomacia pública, Darren Beattie, que alertava aliados de Moraes a não apoiar suas decisões, acusando-o de "censura" e "perseguição" a Jair Bolsonaro.

As críticas estão ligadas a sanções aplicadas pelos EUA contra Moraes com base na Lei Magnitsky, que prevê restrições financeiras a autoridades acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. Washington também elevou tarifas sobre produtos brasileiros, justificando a medida pela atuação do STF.

O governo de Donald Trump acusa a Justiça brasileira de perseguição política contra Bolsonaro e de adotar medidas para remover conteúdos e bloquear redes sociais e plataformas digitais norte-americanas.

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