
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado provocou reações imediatas de governadores apontados como possíveis candidatos à Presidência da República em 2026. Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr. (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União-GO) criticaram a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que formou maioria de 4 votos a 1 para condenar Bolsonaro por cinco crimes, incluindo tentativa de abolição do Estado democrático de Direito.

A sentença, proferida na última quinta-feira (11), se tornou um ponto de inflexão para a direita nacional. De olho no espólio eleitoral do ex-presidente, os governadores ampliaram o tom contra o STF e reforçaram o discurso em defesa de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro — incluindo o chamado "núcleo duro" bolsonarista.
Tarcísio endossa base bolsonarista
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, se posicionou de forma contundente nas redes sociais. Segundo ele, a decisão do Supremo viola o “princípio da presunção da inocência” e teria sido tomada “sem provas”. Ele classificou as punições como “penas desproporcionais” e declarou apoio direto a Bolsonaro.
“A história se encarregará de desmontar as narrativas e a justiça ainda prevalecerá. Força, presidente. Seguiremos ao seu lado”, escreveu Tarcísio, em tom de solidariedade. O governador tem mantido um discurso alinhado com o núcleo radical do bolsonarismo, mesmo após tentar moderar a imagem nos primeiros anos de gestão. Durante manifestação recente na Avenida Paulista, chegou a chamar o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, de “tirano”.
Zema questiona equilíbrio da Justiça
Romeu Zema, governador de Minas Gerais, também demonstrou descontentamento com a decisão do STF. Em tom crítico, ele questionou se a condenação de Bolsonaro seria fruto de um julgamento justo ou de uma “inquisição”. Para Zema, a decisão do Supremo tende a acirrar ainda mais a polarização política no Brasil.
“Justiça ou Inquisição? A condenação de Bolsonaro pela Primeira Turma do STF acirra a divisão do País, e não é disso que precisamos”, publicou em suas redes sociais.
Ratinho Jr. fala em perseguição
No Paraná, Ratinho Jr. adotou um discurso conciliador, mas não poupou críticas à Corte. Ele defendeu a necessidade de pacificação política e alegou que o ex-presidente vem sendo vítima de perseguição. “O Brasil precisa ser pacificado, e isso passa também pelo fortalecimento das nossas instituições, que devem atuar com equilíbrio”, afirmou.
Segundo ele, a insatisfação popular com o tratamento dado a Bolsonaro é perceptível. “A população não está feliz com a perseguição a um ex-presidente”, destacou. Em tom de superação, defendeu “virar a página do ódio, do atraso, da briga” e prometeu apoio à família Bolsonaro.
Caiado promete anistia se eleito
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi ainda mais direto. Em nota oficial, lamentou a condenação e sugeriu que o resultado já era “antecipado”, apontando restrições de liberdade e cerceamento de defesa ao ex-presidente.
“Mais uma vez, lamento profundamente a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal. Digo ‘mais uma vez’ porque essa condenação já havia sido, de certa forma, antecipada”, afirmou.
Caiado também criticou o julgamento ter ocorrido na Primeira Turma do STF, em vez do plenário da Corte. Reforçou, ainda, sua promessa de campanha: se for eleito presidente da República em 2026, assinará no primeiro dia de mandato uma anistia geral aos condenados pelos atos de 8 de janeiro.
“Somente dessa forma poderemos alcançar a paz necessária para construir um governo de conciliação”, declarou.
Rumo a 2026 com o espólio de Bolsonaro
Com Bolsonaro cada vez mais envolvido em processos judiciais e fora do páreo eleitoral, os quatro governadores se movimentam para herdar o capital político da direita no país. Embora ainda evitem se lançar oficialmente como pré-candidatos, todos já demonstram articulação nacional e forte presença nas redes, reforçando bandeiras caras ao eleitorado bolsonarista.
A condenação do ex-presidente pelo STF se transforma, assim, em um novo campo de disputa — não apenas jurídica, mas sobretudo simbólica — entre os que almejam liderar a direita nas urnas em 2026.
