
Campo Grande – A deputada estadual Gleice Jane (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) nesta terça-feira (9) para denunciar ameaças recebidas em seu celular pessoal no último domingo. Uma das mensagens continha ameaça explícita de morte. A parlamentar classificou o episódio como parte de um contexto crescente de violência política de gênero no Brasil.
“Não é normal naturalizarmos a misoginia e o ódio na política. Precisamos construir espaços seguros dentro da democracia”, afirmou. Segundo a deputada, o episódio não foi um caso isolado, mas um reflexo de uma cultura que busca silenciar mulheres que ocupam espaços de poder.
Gleice relatou que registrou boletim de ocorrência e procurou a Polícia Federal, exigindo uma investigação rigorosa. “Não porque sou deputada, mas porque esse é um crime que tenta minar a presença e a voz das mulheres”, disse.
A parlamentar destacou ainda os impactos do clima de insegurança no cenário eleitoral. “Se as mulheres não se sentirem seguras, não se candidatarão. Não podemos normalizar a violência política, nem permitir que a misoginia molde comportamentos dentro e fora das instituições.”
O pronunciamento mobilizou apoio imediato de colegas parlamentares. Pedro Kemp (PT), Lia Nogueira (PSDB), Zeca do PT, Professor Rinaldo (PSDB), Paulo Corrêa (PSDB), Paulo Duarte (PSB), Lidio Lopes (sem partido) e o presidente da Casa, Gerson Claro (PP), prestaram solidariedade à deputada e reforçaram a necessidade de ações concretas.
“A internet não é terra sem lei. Precisamos responsabilizar quem espalha ódio e ameaça mulheres, ainda mais em espaços de poder”, pontuou Lia Nogueira. Já Gerson Claro garantiu que “qualquer violência política será repudiada por esta Casa”.
Durante a mesma sessão, Gleice Jane apresentou o projeto de lei que institui o “Protocolo Círculo do Cuidado”, com foco no acolhimento de vítimas de violência doméstica em estabelecimentos públicos e privados. A proposta visa fortalecer a rede de proteção, com medidas como escuta qualificada, identificação precoce e encaminhamento adequado.
A parlamentar também apresentou moção de protesto diante do agravamento da violência contra mulheres no Estado. O plenário aprovou ainda moção de pesar, de autoria de Paulo Corrêa, pela morte de Angela Nayhara Guimarães Gugel, 53, assassinada pelo ex-companheiro na segunda-feira (8), em Campo Grande. O caso, considerado o 39º feminicídio do ano em MS, foi citado por Gleice como mais uma evidência da urgência de medidas efetivas.
Encerrando seu discurso, a deputada afirmou: “Nenhuma de nós pode ser silenciada. Não vamos recuar. Precisamos enfrentar a violência contra as mulheres em todos os espaços.”
A Assembleia Legislativa reafirmou, em nota oficial, o compromisso com a proteção das mulheres e o combate à violência política de gênero.


