
Com menos de três meses atrás das grades, George Santos está em liberdade. O ex-deputado federal nascido no Brasil deixou a prisão federal na noite desta sexta-feira (17), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidir comutar sua sentença de sete anos por fraude e roubo de identidade. A informação foi confirmada pelo advogado Joseph Murray ao The New York Times. Segundo ele, Santos foi libertado às 22h no horário local. “Uma grande injustiça foi corrigida”, declarou.

Condenado em abril, Santos havia admitido enganar doadores e usar dados de 11 pessoas, inclusive de familiares, para fazer doações à própria campanha. Seu nome entrou na lista de políticos republicanos que Trump tem beneficiado com atos de clemência desde que voltou à presidência em janeiro.
Em uma publicação na rede Truth Social, Trump reconheceu que Santos é “um fora da lei”, mas disse que há muitos outros que não recebem o mesmo tipo de punição. O ex-presidente destacou o histórico político de Santos como fiel ao Partido Republicano. “Teve a coragem, a convicção e a inteligência de SEMPRE VOTAR REPUBLICANO”, escreveu.
Trump afirmou ainda ter sido tocado por um artigo em que Santos relatou sua experiência na prisão. No texto, o ex-deputado pediu ao presidente uma segunda chance: “O senhor sempre foi um homem de redenção. Peço agora, do fundo do meu coração, que estenda essa crença a mim.”
Santos cumpriu 84 dias sob custódia federal. Pelo cronograma original, sua pena se estenderia até setembro de 2031. A decisão de Trump também repete um padrão: em maio, ele já havia perdoado outros políticos republicanos condenados, como Michael Grimm, ex-deputado por Nova York, e John Rowland, ex-governador de Connecticut.
A trajetória de Santos no Congresso foi marcada por polêmicas e mentiras. Filho de imigrantes brasileiros, ele se elegeu em 2022 como o primeiro republicano abertamente gay no Congresso americano, representando partes do Queens e Long Island. Alegava ter ascendência judaica, ser filho de uma vítima do 11 de Setembro, astro do vôlei universitário e com carreira sólida em Wall Street — tudo falso. Mais tarde, ele admitiu não ter diploma, não ter trabalhado em bancos e nem ser judeu, apenas “judeu com ascendência”.
A lista de acusações incluía ainda fraude em auxílio-desemprego, mentira sobre patrimônio e uso indevido de fundos de campanha. Em 2023, foi expulso da Câmara — feito raro na história dos Estados Unidos, com apenas cinco casos anteriores. Ele se declarou culpado no ano seguinte.
