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ENTREVISTA

'Fraude contra aposentados revela conivência estatal', diz Beto Pereira em entrevista

Deputado do PSDB fala sobre escândalo de descontos indevidos e defende mudança na lei para proteger aposentados e pensionistas

25 julho 2025 - 14h40Redação
O deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) em entrevista ao Grupo Feitosa de Comunicação
O deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) em entrevista ao Grupo Feitosa de Comunicação - (Foto: Lorena Sone)

O deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS) classificou como "uma das maiores fraudes contra aposentados e pensionistas da história do país" o esquema de descontos indevidos nos benefícios do INSS, revelado pela Polícia Federal e denunciado também pela Procuradoria-Geral do Estado e pelo Procon de Mato Grosso do Sul. A declaração foi feita na manhã desta sexta-feira (25), durante entrevista ao programa Giro Estadual de Notícias.

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A entrevista foi ao ar pelas rádios do Grupo Feitosa de Comunicação, que tem alcance em todo o estado, e também pelas redes sociais do jornal A Crítica, incluindo transmissões ao vivo no Instagram e no YouTube.

Segundo Beto Pereira, a investigação da Polícia Federal inicialmente identificou 11 entidades envolvidas, mas um relatório do Procon revela que o número é muito maior. "A Polícia Federal encontrou apenas a ponta do iceberg. O iceberg é muito maior", disse o deputado, referindo-se a mais de 100 empresas e associações que teriam feito cobranças irregulares.

Comissão quer mudar a lei e responsabilizar os envolvidos - Beto Pereira faz parte da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que vai investigar os casos. Ele afirmou que a principal proposta é proibir de vez qualquer tipo de desconto feito sem autorização nos benefícios de aposentados e pensionistas.

"Vou lutar para que a lei brasileira proíba totalmente esse tipo de desconto. Não pode haver exceção. Só quem tem o benefício pode autorizar alguma cobrança", declarou.

Ele explicou que, mesmo com regras mais rígidas criadas por uma norma de março de 2024, muitas empresas conseguiram burlar o sistema. "Houve conivência e facilitação. Foi um crime muito grave contra pessoas que trabalharam a vida toda", completou.

Governo sabia e não agiu, afirma deputado - O deputado disse ainda que o governo federal foi avisado várias vezes sobre os problemas, mas não tomou nenhuma atitude para impedir os descontos. "O governo sabia. Recebeu alertas de vários órgãos. Só aqui no Mato Grosso do Sul, tivemos mais de 100 empresas denunciadas em 21 unidades do Procon. E o governo não fez nada", afirmou.

Para ele, foi só depois que a Polícia Federal entrou na investigação e bloqueou as empresas que os descontos pararam.

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Ex-gestores devem ser responsabilizados - Beto também defendeu que a CPMI aponte os responsáveis pelo que aconteceu. "Tem que responsabilizar quem estava no comando: ex-ministro da Previdência, ex-presidente do INSS, gente do segundo e terceiro escalão. Todos os que ajudaram essa fraude a acontecer", disse.

O deputado também quer que a comissão investigue profundamente as empresas envolvidas para tentar recuperar o dinheiro perdido. "A população não pode ser lesada duas vezes: uma quando é roubada, e outra quando tem que pagar a conta", afirmou.

Reembolso polêmico do INSS - Beto Pereira também criticou a forma como o INSS começou a devolver o dinheiro aos aposentados. De acordo com ele, o problema está no fato de que, ao aceitar o valor oferecido, a pessoa perde o direito de entrar na Justiça.

"Parece que o INSS está escondendo algo. Quando você é obrigado a aceitar sem poder questionar, isso gera desconfiança. É o mínimo que a gente pode sentir", declarou.

Deputado vê crise entre os Três Poderes - Durante a entrevista, o parlamentar também comentou as tensões entre o Congresso Nacional, o governo federal e o Supremo Tribunal Federal. Ele criticou as decisões tomadas de forma individual por ministros do STF, sem passar pelo colegiado.

"O Supremo é um tribunal com vários ministros justamente para que as decisões sejam equilibradas. Quando um só decide, o risco de erro é muito maior", afirmou. Ele também comentou a situação envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, que foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, dizendo que há uma relação pessoal e conflituosa entre o ex-presidente e o ministro Alexandre de Moraes. "Decisões judiciais devem ser imparciais e impessoais", completou.

Futuro do PSDB ainda é incerto - Beto também falou sobre o futuro do PSDB, que apesar de ainda ser forte em Mato Grosso do Sul, corre risco de desaparecer no cenário nacional. Segundo ele, o partido terá que se unir a outra legenda ou ser incorporado, sob risco de "esfarelar".

"Estamos esperando uma decisão da direção nacional. Ou fazemos uma federação ou incorporação, ou o PSDB pode acabar", disse. Ele lembrou que os vereadores estão apreensivos com o futuro da sigla, já que não poderão mudar de partido fora do período da chamada janela partidária.

Giro pelo estado durante o recesso - No fim da entrevista, o deputado contou que está aproveitando o recesso parlamentar para visitar municípios do interior do estado e ouvir as demandas da população. "Essa troca é muito importante. O que escutamos nas bases ajuda a nortear o nosso trabalho em Brasília", concluiu.

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