
Uma nova pesquisa do Instituto Datafolha revelou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) é o pré-candidato da direita com pior desempenho em um eventual segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Caso a eleição fosse hoje, Lula venceria o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro com uma diferença de 15 pontos percentuais.
Na simulação, Lula aparece com 51% das intenções de voto, contra 36% de Flávio. Os votos brancos e nulos somam 12%, enquanto a margem de erro é de dois pontos percentuais. A pesquisa ouviu 2.002 eleitores entre os dias 3 e 5 de dezembro, em 113 municípios de todo o país.
O desempenho de Flávio foi divulgado dias após ele anunciar sua pré-candidatura à Presidência da República. O levantamento também indica que o senador é rejeitado por 38% dos eleitores — o maior índice entre os nomes da direita testados.
Família Bolsonaro enfrenta rejeição elevada - Além de Flávio, outros nomes da família Bolsonaro também apresentaram alto índice de rejeição. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teria 35% das intenções de voto contra 51% de Lula, e é rejeitado por 37% dos entrevistados. Já Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, teria 39% em um segundo turno contra Lula, com rejeição de 35%.
A rejeição do atual presidente Lula é de 44%, enquanto Jair Bolsonaro, atualmente inelegível, é quem apresenta a maior reprovação: 45% dos eleitores disseram que não votariam nele de forma alguma.
Governadores se saem melhor contra Lula - Os governadores da direita mostram desempenho superior ao da família Bolsonaro na corrida presidencial, embora Lula ainda mantenha vantagem. Contra o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o petista venceria por 47% a 42%. Já contra Ratinho Junior (PSD-PR), Lula teria 47%, contra 41% do paranaense.
Em termos de rejeição, os governadores também aparecem em melhor situação. Tarcísio tem 20% de rejeição, Ratinho Jr. e Romeu Zema (Novo-MG) registram 21%, enquanto Ronaldo Caiado (União-GO) apresenta o menor índice entre os nomes testados: 18%.
Esses números reforçam a leitura de que o campo conservador encontra mais resistência entre o eleitorado ao apresentar nomes ligados diretamente ao bolsonarismo do que ao apostar em gestores estaduais com menor exposição nacional.
Aliados de Lula veem divisão na direita como oportunidade - Para o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), a direita está "sem rumo" após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e a escolha de Flávio como seu pré-candidato. "A divisão da direita fortalece o nosso campo. Com uma coisa dessa, Tarcísio vai deixar o governo de São Paulo? Acho difícil. Quem quer tudo termina sem nada", afirmou.
Guimarães ainda citou a falta de unidade da oposição e a ausência de uma liderança clara como fatores que favorecem o campo progressista. "Eles estão sem bússola com a prisão de Bolsonaro. Não existe uma liderança da direita que os unifique. Bolsonaro não quer protagonismo de Tarcísio", disse.
Cenário eleitoral nos estados-chave - O PT já se articula para consolidar alianças em estados estratégicos. No Rio de Janeiro, o partido deve lançar a deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) ao Senado e apoiar a reeleição do prefeito Eduardo Paes (PSD).
Em São Paulo, ainda não há definição. O partido avalia lançar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao governo estadual ou apoiar o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). Já em Minas Gerais, o PT segue em busca de alianças para decidir qual candidatura irá apoiar.
A nova rodada do Datafolha confirma a vantagem de Lula frente aos adversários da direita, ainda que com variações, mantendo a tendência verificada na pesquisa anterior, realizada em julho.

