
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) utilizou as redes sociais nesta quinta-feira, 23 de outubro, para sugerir que o secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, envie apoio ao Brasil no combate ao tráfico de drogas na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. O comentário foi feito em tom informal, mas chamou atenção pelo contexto internacional.

A publicação surgiu após Hegseth, que atuou como secretário durante o governo do ex-presidente Donald Trump, compartilhar no X (antigo Twitter) um vídeo de um ataque militar dos Estados Unidos contra uma embarcação acusada de ligação com o narcotráfico no Pacífico Leste. Segundo ele, o ataque foi autorizado por Trump e teria como alvo uma Organização Terrorista Designada (DTO).
"Hoje, sob a direção do presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou mais um ataque cinético letal contra uma embarcação operada por uma Organização Terrorista Designada. Mais uma vez, os terroristas, agora falecidos, estavam envolvidos no narcotráfico no Pacífico Leste", escreveu Hegseth.
Na sequência, Flávio Bolsonaro compartilhou o vídeo com a seguinte mensagem: “Que inveja. Você não gostaria de passar alguns meses aqui nos ajudando a combater essas organizações terroristas?”
Referência ao Rio de Janeiro - Embora Flávio não tenha citado diretamente o nome do Rio de Janeiro ou da Baía de Guanabara, o contexto da postagem remete a denúncias frequentes sobre o uso de rotas marítimas por facções criminosas para escoar drogas e armas. A Baía de Guanabara, em particular, é apontada por autoridades como uma das áreas estratégicas para o tráfico marítimo na região Sudeste.
O senador, que é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não detalhou se havia alguma iniciativa oficial por trás da provocação. A mensagem, no entanto, foi interpretada como uma crítica à atuação das forças de segurança brasileiras e um elogio à política de segurança externa adotada pelo governo Trump, que tem ampliado ações militares contra o narcotráfico, mesmo em águas internacionais.
Desde setembro, as forças de Operações Especiais dos Estados Unidos, sob ordens de Trump, já realizaram pelo menos oito ataques contra embarcações que, segundo o governo americano, pertencem a cartéis de drogas designados como organizações terroristas. Os ataques ocorrem em águas internacionais, principalmente no Mar do Caribe e, mais recentemente, no Pacífico, na costa da Colômbia.
O governo Trump sustenta que todos os mortos eram membros dessas organizações e que havia respaldo da inteligência para classificar as embarcações como alvos legítimos. No entanto, nenhuma prova concreta foi apresentada até agora ao público sobre a identificação das vítimas ou as circunstâncias dos ataques.
Repercussão e riscos diplomáticos - Embora tenha sido feita em tom aparentemente informal, a postagem de Flávio Bolsonaro levanta debates sobre os limites da atuação militar em nome do combate ao tráfico, especialmente em território estrangeiro. A proposta — ainda que simbólica — de trazer forças americanas para atuar em território brasileiro toca em temas sensíveis da soberania nacional e da política externa brasileira.
Até o momento, o Itamaraty não se pronunciou sobre a postagem do senador. Também não houve manifestação pública de autoridades americanas em resposta ao comentário.
