
Durante duas semanas do mês de agosto, os corredores do Pátio Central Shopping, no centro de Campo Grande, foram ocupados por estandes de construtoras, simulações de crédito e filas organizadas de pessoas interessadas em um objetivo: sair de lá com a casa própria. A nona edição do Feirão Habita, realizada entre os dias 7 e 22 de agosto, movimentou R$ 62 milhões em contratos e marcou mais um capítulo na política habitacional de Mato Grosso do Sul.

Com parcelas a partir de R$ 700, imóveis acessíveis e subsídios que chegaram a R$ 20 mil, o evento consolidou um formato que tem se tornado política pública em Campo Grande: feirões no centro da cidade, com acesso simplificado e voltados para famílias de baixa renda. Um detalhe chamou atenção nesta edição: o aumento da participação de jovens, com compradores de apenas 21 anos garantindo seu primeiro imóvel.
Novo perfil de público - O público mais jovem começa a ocupar espaço num mercado que, por muito tempo, foi dominado por casais ou famílias consolidadas. A mudança ocorre por conta da combinação de fatores: valores baixos nas parcelas, subsídios acumulados (federal, estadual e municipal), e facilidade no processo de contratação.
Além disso, muitos dos imóveis ofertados estão localizados em bairros com boa estrutura urbana, o que reduz o custo com transporte e melhora o acesso a serviços públicos. A soma desses elementos gera um novo perfil de comprador: jovem, trabalhador e em busca de independência.
Subsídios integrados e política articulada - Campo Grande é atualmente a única capital do Brasil com três níveis de subsídios habitacionais combinados em uma mesma política: o federal, via Minha Casa Minha Vida; o estadual, por meio do Morar Legal; e o municipal, executado pela Agência Municipal de Habitação (Emha). Essa integração garante maior poder de compra à população com menor renda formal.
O modelo tem funcionado como referência e começa a chamar atenção de outras cidades que enfrentam o mesmo desafio: como oferecer moradia digna sem comprometer as finanças públicas e ainda gerar impacto positivo na economia local.
Expansão do programa e novo condomínio - Durante o feirão, também foi anunciado o início de um novo empreendimento: o Condomínio Mathisa, com 576 apartamentos na região da Vila Nasser. O projeto é o primeiro do estado a seguir as regras da nova Lei de Habitação de Interesse Social, que facilita a construção de moradias populares com critérios atualizados.
Além de oferecer novas unidades, o programa busca garantir localização adequada, infraestrutura e proximidade com escolas, transporte público e unidades de saúde — um avanço importante em comparação com modelos anteriores, em que os conjuntos habitacionais acabavam afastados dos centros urbanos.
Impacto econômico e urbano - Os feirões de habitação não afetam apenas quem compra um imóvel. Eles geram uma cadeia de efeitos positivos que vai da mão de obra da construção civil até o pequeno comércio de bairro. Além disso, ao serem realizados em áreas centrais, como o Pátio Central Shopping, ajudam a revitalizar regiões urbanas que enfrentavam esvaziamento comercial ou queda no fluxo de pessoas.
A movimentação nas lojas, praças de alimentação e estacionamentos durante os dias do feirão é uma amostra de como a política habitacional também pode ser política urbana e econômica.
Moradia como base para o futuro - Com mais de 40 mil atendimentos realizados nas nove edições já promovidas, o Feirão Habita não é apenas uma ação pontual. Ele se tornou parte de uma estratégia permanente de inclusão social e desenvolvimento urbano, que envolve diferentes esferas do poder público e busca atender à população com soluções concretas e mensuráveis.
A experiência de Mato Grosso do Sul, especialmente em Campo Grande, mostra que política habitacional pode ser eficiente, atrativa e sustentável — e que começar pela casa própria é, muitas vezes, o primeiro passo para transformar uma vida inteira.
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Resumo
Palavras-chave
habitação popular, feirão habita, moradia, subsídio habitacional, campo grande, imóveis populares, Emha, políticas públicas, jovens, programa habitacional
