
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) classificou como um “factoide fabricado” o pen drive encontrado pela Polícia Federal (PF) durante busca e apreensão na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na última sexta-feira, 18. A manifestação foi feita nesta segunda-feira, 21, após a perícia preliminar da PF apontar que o conteúdo do dispositivo era irrelevante para as investigações.

O pen drive foi localizado no banheiro da casa do ex-presidente, alvo de operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, pela qual Jair Bolsonaro é réu.
Em publicação feita no X (antigo Twitter), Carlos Bolsonaro, que é filho do ex-presidente, afirmou que o episódio foi “meticulosamente calculado” para gerar comoção e desviar o foco da fragilidade das acusações contra seu pai.
“Trata-se de mais um factoide fabricado. Toda essa ‘descoberta’ foi tratada pela velha imprensa como se fosse a chave de um golpe imaginário e suas profundas e escorregadias derivações”, escreveu.
Críticas à cobertura e suspeitas sobre a operação
O vereador usou suas redes sociais para atacar a imprensa e criticar o que chamou de “narrativa previamente plantada”, sugerindo que a divulgação da apreensão do pen drive serviria apenas para alimentar a opinião pública com informações desconectadas da realidade.
“Tudo é previamente plantado para, de forma contínua, alimentar o imaginário popular com enredos fantasiosos, sempre com a conivência de parte da imprensa e agentes do Estado”, afirmou o vereador em outro trecho da postagem.
Carlos Bolsonaro tem sido uma das vozes mais ativas na defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais, principalmente após a intensificação das investigações conduzidas pela Polícia Federal em diversos inquéritos, incluindo o que apura a tentativa de subversão da ordem democrática após a derrota nas eleições de 2022.
PF descartou relevância do pen drive
Apesar da repercussão do achado, a perícia preliminar realizada pela Polícia Federal não encontrou conteúdo relevante no dispositivo eletrônico. A corporação, no entanto, ainda pode realizar análises mais aprofundadas, caso surjam indícios adicionais ou o contexto da apreensão indique conexões com outros elementos da investigação.
A apreensão do pen drive foi noticiada por veículos de comunicação como parte da operação que levou também à imposição de medidas cautelares contra Jair Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno e proibição de contato com outros investigados.
Clima de tensão e reação política
A defesa de Jair Bolsonaro ainda não se pronunciou oficialmente sobre o conteúdo do pen drive. Carlos, por sua vez, segue adotando um discurso de enfrentamento ao que considera uma "perseguição política orquestrada".
A manifestação do vereador também se insere no contexto de forte polarização política e institucional, com críticas recorrentes da família Bolsonaro às ações da PF, ao STF e ao Ministério Público Federal. Para os aliados do ex-presidente, as investigações teriam viés político e objetivo de minar sua imagem pública.
Investigação segue em andamento
O inquérito que investiga a tentativa de golpe segue em tramitação no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes. Jair Bolsonaro tornou-se réu após a Procuradoria-Geral da República apresentar denúncia com base em vídeos e documentos que, segundo a acusação, indicam o envolvimento do ex-presidente em articulações para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
Até o momento, não há indícios de que o pen drive encontrado altere o rumo das investigações, mas sua apreensão reforça o ambiente de tensão em torno dos desdobramentos do caso.
