O senador Fabiano Contarato (PT-ES) foi escolhido para presidir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Crime Organizado, instalada nesta terça-feira (4) no Senado. Com uma carreira de 27 anos como delegado de polícia, ele assume a função com a promessa de atuar com "independência, transparência e coragem", segundo declarou em sua conta na rede social X.
A CPI tem como foco investigar o funcionamento das organizações criminosas no Brasil, com ênfase no tráfico de drogas e armas, atuação de milícias, uso de criptomoedas e fintechs para lavagem de dinheiro, além da relação entre o crime organizado e bancas de advocacia. Também será debatida a necessidade de maior integração entre os órgãos de segurança pública e as Forças Armadas. O relator será o senador Alessandro Vieira (MDB-SE).
Natural de Nova Venécia (ES), Contarato é o primeiro senador abertamente gay da história do Brasil. Formado em Direito pela Universidade Vila Velha, onde também foi professor, possui pós-graduação em Direito Penal e Processo Penal, além de especialização em Impactos da Violência na Escola, pela Fiocruz.
Antes de entrar na política, atuou como delegado especializado em crimes de trânsito por mais de uma década, foi diretor-geral do Detran-ES e corregedor-geral da Secretaria de Controle e Transparência do Espírito Santo.
Eleito senador em 2018 pela Rede Sustentabilidade, Contarato migrou para o PT em dezembro de 2021. Foi líder da bancada petista no Senado entre 2022 e 2023. Ganhou notoriedade nacional durante a CPI da Covid, quando denunciou um ataque homofóbico durante depoimento do empresário Otávio Fakhoury. A postura firme na ocasião o projetou como uma das vozes mais combativas do colegiado.
Contarato também foi indicado pelo então presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para compor o Conselho Nacional de Direitos Humanos, órgão vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.
Mesmo filiado ao PT, o senador capixaba já contrariou orientações do Palácio do Planalto. Em 2024, foi o único da bancada a votar pela derrubada do veto do presidente Lula ao projeto que restringe as "saidinhas" de presos em datas comemorativas.
Ao assumir a presidência da nova CPI, Contarato reforçou que o foco da comissão será atingir a cúpula do crime. “Será uma comissão para ir até o topo da cadeia criminosa, para identificar e responsabilizar não apenas os executores, mas também os líderes, financiadores e cúmplices que lucram com a violência e a corrupção”, afirmou.
