Explosão assusta eleitores em centro de votação na Bolívia durante eleições presidenciais

Foi o segundo atentado com explosivos em menos de 24 horas - | Foto: RODRIGO URZAGASTI / AFP / CP

A tensão política que marca as eleições presidenciais na Bolívia teve reflexos concretos neste domingo (17), quando um artefato explosivo foi detonado nas proximidades da escola Carrasco, utilizada como centro de votação em Entre Ríos, região de Cochabamba. O ataque, que não deixou feridos, gerou alerta máximo entre as autoridades de segurança, segundo informações da imprensa local.

O incidente foi confirmado pelas autoridades eleitorais e policiais, que abriram investigação para identificar os responsáveis. Apesar da gravidade do atentado, a votação transcorreu normalmente, com material eleitoral sendo instalado com escolta militar nas primeiras horas do dia.

Às 5h40, equipes do Tribunal Departamental Eleitoral chegaram ao local acompanhadas por forças armadas para garantir a continuidade do processo democrático.

Ataque acontece em meio à eleição mais disputada em 20 anos

O episódio acontece num momento de grande instabilidade na Bolívia. O país, mergulhado em uma crise econômica sem precedentes, com inflação próxima de 25%, escassez de combustíveis, alimentos e moeda estrangeira, vai às urnas para decidir entre manter o modelo atual ou iniciar uma mudança radical.

A eleição deste domingo é considerada a mais imprevisível desde o início do domínio político do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que governa há duas décadas. A votação ocorre sob vigilância intensa e clima de polarização entre os eleitores.

Segundo as últimas pesquisas, os candidatos da oposição Samuel Doria Medina e Jorge Quiroga lideram a disputa, prometendo reverter o modelo econômico estatizante implantado desde o governo de Evo Morales. Um segundo turno em outubro é tido como cenário provável.

Segundo atentado em 24 horas

O ataque com explosivos em Cochabamba não foi o único registrado no fim de semana eleitoral. No sábado (16), outro artefato foi detonado na comunidade de Kutimarcha, no município de Arque, também em Cochabamba. Na ocasião, funcionários que transportavam urnas eletrônicas para um centro de votação estavam na região, mas ninguém ficou ferido.

As forças de segurança reagiram com o reforço imediato do patrulhamento nas zonas mais sensíveis. De acordo com fontes oficiais, 30 pessoas foram presas por violar normas eleitorais, principalmente relacionadas ao consumo de álcool — prática proibida durante o processo de votação no país. Todos os detidos foram liberados após oito horas para que pudessem exercer o direito ao voto.

Clima de incerteza domina o pleito

O episódio deste domingo é mais um sintoma da tensão crescente na Bolívia, que vive não só uma disputa política acirrada, mas também o colapso de parte de sua infraestrutura econômica e social.

A presença de militares para proteger locais de votação, algo incomum mesmo em eleições disputadas, foi intensificada nas últimas semanas após relatos de sabotagem, intimidações e ameaças contra funcionários eleitorais e eleitores.

Embora as autoridades tentem manter a normalidade e garantir o funcionamento do processo, ataques como o de Entre Ríos colocam em xeque a estabilidade institucional e levantam preocupações quanto à segurança no restante da apuração e no eventual segundo turno.

O que se sabe até agora

• A explosão ocorreu por volta das 5h da manhã nos arredores da escola Carrasco, usada como centro de votação;

• Não houve relatos de feridos nem danos graves à estrutura da escola ou ao processo eleitoral;

• Investigação foi aberta, e imagens de câmeras da região estão sendo analisadas;

• O material eleitoral foi entregue normalmente, com apoio de forças armadas e fiscais;

• Outro ataque com explosivo já havia sido registrado no sábado, também sem vítimas.

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