
Pouco mais de um mês após ser afastado do cargo pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, o ex-procurador-chefe do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, tentou adquirir um Audi A5 Sedan Performance S Edition, avaliado em R$ 380 mil.

A movimentação foi detectada pelo monitoramento bancário em 28 de maio, e relatada ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que incluiu o episódio no relatório entregue à CPI do INSS.
O documento não informa se a compra foi concluída. Procurado, Virgílio não se manifestou.
Operação Sem Desconto afastou diretores
Virgílio foi um dos cinco diretores do INSS afastados pela Justiça em abril deste ano, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto. Ele foi oficialmente desligado do cargo pelo governo no mesmo dia.
A investigação aponta que o então procurador teria recebido um “incremento patrimonial” de R$ 18 milhões de empresas ligadas ao esquema de fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas, que envolvia descontos ilegais em folha de pagamento.
Segundo o relatório, parte dos repasses teria sido feita por meio de empresas e contas bancárias da esposa de Virgílio.
Envolvimento do "Careca do INSS"
Entre os responsáveis pelos repasses está o empresário Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, apontado como um dos principais articuladores do esquema.
Os pagamentos seriam uma contrapartida por pareceres jurídicos que permitiam a continuidade da cobrança indevida, garantindo o fluxo de recursos das entidades envolvidas.
Na última quinta-feira (2), a CPI do INSS aprovou a convocação de Virgílio Oliveira Filho para prestar depoimento. A data ainda não foi definida.
O relatório do Coaf destaca que, em depoimento à PF, o ex-procurador admitiu ter usado parentes para receber valores de lobistas e de firmas sob investigação.
“Entendemos pela comunicação devido à posição que o cliente ocupava e foi afastado, e aos motivos desse afastamento estarem relacionados a uma investigação da Polícia Federal voltada a fraude bilionária do INSS”, aponta o relatório.
Carreira no INSS
Virgílio foi nomeado procurador-geral do INSS pela primeira vez em 2020, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), permanecendo até 2022, quando assumiu como consultor jurídico do Ministério do Trabalho e Previdência.
No governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou à chefia da Procuradoria-Geral do INSS em setembro de 2023, cargo que ocupava até ser afastado na operação.
