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POLITICA MIGRATORIA

EUA suspende emissão de vistos de visita para Gaza e geram críticas de grupos pró-Palestina

Medida é justificada por 'revisão minuciosa' do Departamento de Estado e ocorre após pressão de aliados de Trump; ativistas denunciam decisão como cruel

17 agosto 2025 - 14h10
Esse anúncio surge após publicações nas redes sociais por uma influenciadora de direita que apoia Donald Trump
Esse anúncio surge após publicações nas redes sociais por uma influenciadora de direita que apoia Donald Trump - (Omar AL-QATTAA /AFP)

O Departamento de Estado dos Estados Unidos suspendeu temporariamente a emissão de vistos de visita para indivíduos da Faixa de Gaza, alegando a necessidade de realizar uma “revisão completa e minuciosa” do processo. A medida foi anunciada neste fim de semana e provocou reações imediatas de grupos pró-Palestina, que acusam o governo norte-americano de agir com insensibilidade diante da crise humanitária na região.

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Segundo o órgão norte-americano, "um pequeno número" de vistos médicos e humanitários foi concedido nos últimos dias, embora nenhum dado exato tenha sido divulgado. O tipo de visto afetado pela suspensão é o B1/B2, voltado a visitantes temporários que buscam tratamento médico, viagens de negócios ou turismo.

Desde o início de 2025, os EUA já haviam emitido mais de 3.800 desses vistos para portadores de documentos de viagem emitidos pela Autoridade Palestina, com 640 concedidos apenas em maio, segundo dados públicos disponíveis no site oficial do Departamento de Estado. No entanto, o governo norte-americano não apresenta separação entre residentes da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, o que impede uma análise mais específica sobre o impacto da nova decisão.

Pressão política e ativismo de direita motivaram medida

A suspensão ocorre dias após uma publicação da ativista de extrema-direita Laura Loomer, aliada do presidente Donald Trump, que afirmou nas redes sociais, na sexta-feira (15), que “refugiados” palestinos teriam entrado nos Estados Unidos recentemente. A alegação foi suficiente para causar alarde entre republicanos, com parlamentares como Chip Roy e Randy Fine exigindo mais esclarecimentos e classificando a entrada de palestinos como um "risco à segurança nacional".

A pressão pública de setores conservadores sobre a Casa Branca fez com que o Departamento de Estado adotasse a nova política de restrição, mesmo diante do contexto humanitário agravado na Faixa de Gaza.

Críticas e denúncias de discriminação

O Conselho de Relações Americano-Islâmicas (CAIR) reagiu imediatamente à medida, classificando-a como “mais um sinal da crueldade intencional do governo Trump”. A entidade argumenta que os vistos suspensos têm, em sua maioria, caráter humanitário, sendo solicitados por pessoas que tentam escapar de uma zona de conflito com acesso limitado a cuidados médicos e infraestrutura básica.

"Ao bloquear o acesso a vistos de visita mesmo em situações humanitárias, os Estados Unidos estão fechando as portas para vítimas de guerra enquanto mantêm o discurso de defesa da democracia", afirmou o grupo em comunicado.

Conflito em Gaza segue sem solução

A decisão norte-americana acontece no momento em que a crise humanitária em Gaza se aprofunda. A guerra foi deflagrada em 7 de outubro de 2023, após o Hamas atacar Israel, matando 1.200 pessoas e fazendo 251 reféns, segundo o governo israelense.

Desde então, a ofensiva militar israelense contra o grupo armado palestino resultou na morte de mais de 61 mil palestinos, conforme dados das autoridades de saúde locais. Boa parte das vítimas são civis, e a infraestrutura do território foi severamente danificada.

Apesar da situação crítica, os Estados Unidos não deram sinais de que aceitarão refugiados palestinos em território nacional. Fontes ouvidas pela Reuters indicam que há discussões entre Israel e o Sudão do Sul sobre um plano de reassentamento para parte da população deslocada, mas nada foi confirmado oficialmente.

Histórico de revisão de vistos por razões políticas

Essa não é a primeira vez que o governo norte-americano adota medidas restritivas contra vistos de entrada com motivações políticas. Casos recentes incluem o cancelamento de vistos da filha e da esposa do ministro brasileiro Alexandre Padilha e a revogação de vistos de funcionários ligados ao programa Mais Médicos, ambos em contextos de divergência diplomática.

Analistas apontam que, em ano eleitoral nos Estados Unidos, o endurecimento de políticas migratórias volta a ser um instrumento utilizado para atender a pressões internas da base conservadora e ao discurso de segurança nacional — especialmente em relação a comunidades muçulmanas ou oriundas de regiões em conflito.

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