
Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira, 22, sua decisão de se retirar novamente da Unesco, a agência educacional, científica e cultural da ONU. A medida, que terá efeito no final do próximo ano, ocorre dois anos após o país ter retornado à organização, durante o governo de Joe Biden, após sua saída em 2018, durante a presidência de Donald Trump.

Segundo o Departamento de Estado dos EUA, a decisão reflete a crença de que o envolvimento na Unesco não atende aos interesses nacionais dos Estados Unidos. "O envolvimento contínuo na Unesco não está no interesse nacional dos Estados Unidos", afirmou Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado, em comunicado. Ela acusou a organização de promover "causas sociais e culturais divisivas" e de dar "foco excessivo" aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que, segundo ela, fazem parte de uma "agenda globalista e ideológica".
A relação com Israel e a crítica ao viés da Unesco
A decisão de Trump de retirar os EUA da Unesco se baseia, em parte, na crítica ao que o governo americano considera um viés anti-Israel da organização. Este tema foi central na saída do país da Unesco em 2017, também sob a administração Trump. Naquela época, a acusação de viés anti-Israel estava relacionada à inclusão da Palestina como membro pleno da Unesco em 2011, o que levou os EUA a cortar seu financiamento à agência.
Durante o período de afastamento, os EUA permaneceram como observador não-membro da Unesco. O governo Trump também se concentrou em criticar a organização por seu alinhamento com outras questões internacionais que ele considerava contrárias aos interesses americanos.
Impacto da decisão e resposta da Unesco
A saída dos Estados Unidos pode impactar a Unesco, já que o país fornece uma parte significativa do orçamento da organização. No entanto, a contribuição dos EUA tem diminuído ao longo dos anos, representando atualmente apenas 8% do orçamento total da agência, que diversificou suas fontes de financiamento. A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, lamentou a decisão, mas afirmou que a agência "se preparou para isso". Ela também negou as acusações de preconceito contra Israel, destacando os esforços da Unesco no combate ao antissemitismo e na educação sobre o Holocausto.
Azoulay afirmou que, apesar da redução nos recursos, a Unesco continuará a cumprir suas missões, inclusive em áreas como a proteção do patrimônio mundial, a promoção da educação e o trabalho em questões de igualdade de gênero e ética da inteligência artificial.
O histórico das retiradas dos EUA da Unesco
Esta será a terceira vez que os Estados Unidos se retiram da Unesco, uma organização fundada em 1945. A primeira retirada ocorreu durante o governo Ronald Reagan, em 1984, quando o país alegou má administração e corrupção na agência, além de seu uso como plataforma para promover os interesses da União Soviética. Os EUA retornaram à Unesco em 2003, durante a presidência de George W. Bush.
Em 2017, sob Trump, os EUA novamente deixaram a Unesco, e o país retornou à organização apenas em 2023, quando a administração Biden reverteu a decisão, alegando que o afastamento criaria um vácuo de influência, que poderia ser preenchido por potências rivais, como a China.
