
Nesta terça-feira (9), a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil publicou uma mensagem nas redes sociais reiterando que pretende adotar “medidas cabíveis” contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por supostamente ter cometido abusos de autoridade que teriam minado liberdades fundamentais. A fala ocorre em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outros réus acusados de tentativa de golpe eleitoral.

A declaração é uma republicação de uma mensagem original publicada por Darren Beattie, subsecretário de Diplomacia Pública do Departamento de Estado dos EUA. O texto cita as manifestações em 7 de setembro — Dia da Independência do Brasil — apontando-as como exemplo do compromisso dos Estados Unidos com brasileiros que valorizam a liberdade e justiça.
Repercussão diplomática
A publicação reacendeu discussões sobre interferência externa. Na mensagem de agosto, a embaixada já havia classificado Moraes como o “principal arquiteto da censura e perseguição contra Bolsonaro e seus apoiadores”, além de advertir seus aliados no Judiciário a não apoiá-lo, sob pena de monitoramento.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores do Brasil convocou o encarregado de negócios da embaixada, Gabriel Escobar, para explicar a postura das autoridades americanas. Segundo o Itamaraty, houve "profunda indignação" com as declarações, consideradas inaceitáveis e como clara tentativa de intromissão na soberania brasileira.
Contexto de crise nas relações bilaterais
As declarações da embaixada ocorrem em meio a uma escalada de tensão entre Brasil e EUA, que envolve desde altas tarifas sobre produtos brasileiros até sanções individuais contra ministros do STF, incluindo Moraes, com base na Lei Magnitsky — medida considerada “pena de morte financeira” por congelar bens e proibir entrada nos EUA.
Brasília reagiu com firmeza, reforçando que tais posturas desafiam a autonomia institucional e podem prejudicar o diálogo diplomático continuado entre os países.
