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03 de novembro de 2025 - 18h51
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EDUCAÇÃO

Em reunião na ALEMS, entidades de educação especial pedem suspensão de decreto sobre inclusão

Representantes defendem manutenção das escolas especializadas e criticam decreto que obriga matrícula de todos os alunos com deficiência em classes comuns

3 novembro 2025 - 11h05Fernanda Kintschner
Entidades de educação especial pedem suspensão de decreto federal sobre inclusão em reunião na ALEMS
Entidades de educação especial pedem suspensão de decreto federal sobre inclusão em reunião na ALEMS - (Foto: Wagner Guimarães / Arquivo ALEMS)

Representantes de instituições ligadas à educação especial, como APAEs e Pestalozzis, participaram nesta segunda-feira (3) de uma reunião na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) para debater o Decreto nº 12.686/2025, que criou a Política Nacional de Educação Inclusiva. O encontro foi proposto pelo deputado estadual Junior Mochi (MDB).

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O decreto, em vigor desde outubro, prevê que todos os alunos com deficiência, transtorno do espectro autista (TEA) ou altas habilidades sejam matriculados em classes comuns da rede regular de ensino, com o objetivo de garantir igualdade de oportunidades. As entidades, no entanto, pedem a suspensão da norma, alegando que ela ignora a realidade das escolas e compromete o atendimento especializado.

Para o deputado Junior Mochi, a medida contém “equívocos conceituais e operacionais” ao determinar a matrícula obrigatória de todos os alunos com deficiência sem considerar as condições pedagógicas e estruturais das redes de ensino. “O decreto desconsidera as especificidades de cada caso e coloca em risco um modelo educacional reconhecido nacional e internacionalmente”, afirmou.

O parlamentar também criticou a redução da carga horária para formação docente de 200 para 80 horas e destacou que o decreto fere o direito de escolha das famílias. Um documento com os depoimentos apresentados será encaminhado à bancada federal de Mato Grosso do Sul para subsidiar a votação que pode sustar os efeitos da medida.

Fabiana Maria das Graças de Oliveira, representante da Federação das APAEs de Mato Grosso do Sul, reforçou que o decreto representa um retrocesso. “A formação docente é uma luta antiga. Nossos alunos precisam de atendimento multiprofissional e nossas escolas já oferecem serviços regulamentados e reconhecidos. Esse decreto não precisa ser refeito, precisa ser desfeito”, afirmou.

Gisele Tannus, da Federação das Pestalozzi, lembrou que escolas especializadas existem em vários países e criticou a falta de recursos no Brasil. “Estamos em novembro e ainda não recebemos os repasses do Fundeb. É inviável manter a qualidade sem financiamento. As entidades vivem de ações e doações para sobreviver”, disse.

Ela também citou uma pesquisa própria com professores da rede regular, em que 78% relataram dificuldades extremas para trabalhar com alunos com deficiência em turmas numerosas e sem suporte adequado. “A inclusão, do jeito que está proposta, acaba sendo apenas simbólica. Precisamos garantir o atendimento especializado”, concluiu.

Junior Mochi reforçou que as manifestações serão encaminhadas oficialmente aos parlamentares federais e que a ALEMS seguirá acompanhando o tema.

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