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POLÍTICA

Em entrevista à Globo News, Mandetta promete acabar com gargalos crônicos da saúde

O futuro ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quer deixar um legado para as futuras gerações do Brasil

13 dezembro 2018 - 21h57Da Redação com Assessoria
Mandetta informou que, assim que assumir o cargo, vai entrar com uma controladoria e com uma auditoria
Mandetta informou que, assim que assumir o cargo, vai entrar com uma controladoria e com uma auditoria - Foto: Reprodução
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Comandado pelo jornalista Heraldo Pereira, o programa Jornal das 10, do canal a cabo Globo News, entrevistou, na quarta-feira (12), o médico sul-mato-grossense Luiz Henrique Mandetta, deputado federal pelo DEM/MS e futuro ministro da Saúde na administração do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

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Durante mais de 24 minutos de entrevista ao vivo, os jornalistas Heraldo Pereira, Cristiana Lôbo, Gerson Camarotti e João Borges sabatinaram Mandetta sobre os principais desafios à frente do Ministério da Saúde a partir de 2019.

Na oportunidade, o futuro ministro prometeu acabar com alguns gargalos crônicos da saúde no Brasil e projeta deixar um legado para as futuras gerações. “Nós vamos melhorar o sistema de saúde do Brasil, nós vamos tirar alguns gargalos que são crônicos no sistema de saúde do País. Eu quero ver se a gente consegue deixar um legado pensando nas gerações futuras para que eles possam dizer: que bom que em um determinado momento alguém colocou esse sistema, de uma maneira sólida, no caminho certo. Vamos trabalhar para isso”, declarou.

A respeito do convite para assumir a pasta, Mandetta relembrou de sua atuação como deputado federal nas questões da saúde pública. “Eu tenho uma história muito grande de fazer enfrentamentos na área de saúde nos dois mandatos como deputado federal e, neste ano, tive o desafio de ser convidado por conta de todo esse debate que eu fiz no campo ideológico dos democratas, que se aproxima mais do presidente diplomado Jair Bolsonaro. Já na pré-campanha ele me pediu algumas sugestões, entre elas, a carreira de médico da União para que possamos ter alguma proposta estruturante e para deixar de improvisar na questão da relação da força de trabalho dentro do SUS (Sistema Único de Saúde)”, reforçou.

O deputado federal revela que hoje há três maneiras no sistema de saúde do mundo para atrair médicos para as áreas de difícil lotação. “A primeira é a americana, que é a capitalista e segue a lei do mercado, mas que para o Brasil não serve porque temos muitos municípios com pouquíssima capacidade de fazer esse atrativo direto pelas prefeituras. A segunda é o sistema europeu, que é o Estado propondo e atraindo profissionais em uma carreira ou em um ambiente favorável para a prática da Medicina, enquanto a terceira é a dos Estados absolutos, que consiste em mandar os médicos para onde for preciso”, enumerou.

Ele explica que no Brasil o desafio é o Estado fazer uma proposta para a força de trabalho. “Se vai ser com esse termo de carreira convencional, como se vê as carreiras assalariadas, ou se vai ser algum tipo de caminho dentro do sistema público para que os médicos vão para esses locais, teremos de fazer esse debate no próximo ano. No caso das regiões mais afastadas do País, os chamados ‘Brasil Profundo’, onde não há só falta dos médicos, mas também de escolas e de uma série de aparelhos que levam as pessoas a não optarem ir para esses locais, precisaremos ter uma política que seja atrativa, que ofereça uma perspectiva de ser melhor remunerada e ter melhores condições de trabalho”, ressaltou.

Programa Mais Médicos

A respeito da recente polêmica surgida com o fim da participação dos médicos cubanos no Programa Mais Médicos, Mandetta não fugiu da questão e fez declarações contundentes a respeito da realidade dessa iniciativa criada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. “Quando veio o Programa Mais Médicos foi para tentar levar os profissionais para esse ‘Brasil Profundo’ e esse era o grande argumento que o Governo tinha. Com a abertura do novo edital, agora no fim do ano, constatamos que cidades como Ponta Grossa (PR), que tem até faculdade de Medicina, tinha 56 médicos cubanos, Fortaleza (CE) tinha quase 200 cubanos e, Brasília (DF), que tem a maior relação de médicos por habitantes do Brasil, foi a primeira a receber os cubanos. Será que era esse o intuito do Programa?”, questionou.

Ele garante que, quando assumir o Ministério da Saúde, vai abrir o edital para lotar primeiro as cidades de difícil provimento e aí sim chamar os médicos brasileiros e estrangeiros, convocando as parcerias internacionais para atender esse “Brasil Profundo”. “O que deu certo no Programa Mais Médicos foi quebrar a inércia do Estado. Agora, a maneira como quebrou fere alguns princípios que são fundamentais, pois você não pode negociar com um Estado a força de trabalho. Você tem aí resoluções e pessoas não são coisas, elas não são commodities, você precisa manter o direito de ir e vir. Os cubanos que vieram não trouxeram famílias e essa questão não pode ser relevada. Esses cubanos vieram para o Brasil sem seguridade social. E como que eu posso receber o meu salário de R$ 2 mil e pagar R$ 10 mil para o governo do meu país?”, perguntou.

O deputado federal critica a maneira e o cominho que foi adotado para a implantação do Programa. “Quando nós fizemos o grande enfrentamento em 2013 demonstrou hoje que era tão frágil esse convênio com Cuba que quando se faz um contrato é preciso prever o distrato. Até de um aluguel você precisa avisar que, quando for sair, 30 dias antes tem de fazer o aviso. O distrato do Programa Mais Médicos foi feito assim: em Cuba avisou às 10 horas e às 16 horas mandou publicar no jornal estatal que tinha acabado, mandando os médicos retornarem para o país”, revelou.

Na sua gestão à frente da pasta, ele garante que a primeira coisa a se fazer é classificar quais são as áreas críticas e começar por tentar lotar médicos brasileiros nesses locais. “Nós temos hoje mais 26 mil médicos recém-formados, enquanto no próximo ano teremos quase 28 mil recém-formados e vamos ultrapassar os 30 mil, batendo em 35 mil por ano. Teve uma expansão absurda das faculdades de Medicina, passando de 148 para 323. No Paraguai e na Bolívia há mais de 100 mil brasileiros, entre formados e formandos de Medicina. Quem conhece a fronteira do Brasil com o Paraguai, sabe que temos as cidades de Ponta Porã (MS), do lado brasileiro, e Pedro Juan Caballero (PY), do lado paraguaio, que tem 9 faculdades de Medicina. Há 19 entre Foz do Iguaçu (PR) e Ciudad del Este (PY), só com alunos brasileiros. Quando se abrir, você pode ter certeza que, se abrir pelos lugares críticos, você vai conseguir o preenchimento das vagas”, analisou.

SUS

Com relação às pesquisas de satisfação sobre o SUS, Mandetta lembrou que esses levantamentos com avaliações dos sistemas de saúde, não só do Brasil, quanto do exterior também, são muito interessantes. “Normalmente, para quem está dentro do sistema ou dentro de algum programa, que está ali recebendo o atendimento, recebendo o medicamento, o cuidado integral, avalia muito bem. Porém, a sociedade como um todo avalia muito mal. Isso é um fenômeno mundial, pois você pega o sistema de saúde inglês e dentro do país ele tem uma avaliação frágil. O canadense, que é um dos melhores do mundo, também tem avaliação frágil. O nosso é muito melhor do que o do Paraguai, da Bolívia e da Argentina, ou de qualquer outro país da América Central”, assegurou.

Para o futuro ministro, a saúde no Brasil está em um processo de construção da sua saúde e nesse ponto tem altos e baixos. “A reconstrução da saúde no Brasil é um trabalho para uma geração de brasileiros, pois passa por conceito de saúde, de promoção de saúde, de prevenção e de atenção de saúde. Se a gente reforçar, há muitas coisas positivas em 30 anos de SUS., Se nós não tivéssemos o Sistema, antes de 1988, você tinha os indigentes e os pagantes, já imaginou se nós não tivéssemos o SUS onde nós estaríamos? A barbárie que nós estaríamos? Portanto, o SUS é uma conquista muito forte que a gente vai dar continuidade”, prometeu.

Quanto à questão financeira, ele destacou que, enquanto não se executar o orçamento da saúde com melhor qualidade, enquanto não gerir sempre terá exemplos de mau uso desse dinheiro. “Nós estamos com um sistema que não tem um sistema de informação e nem de gerenciamento da informação. Como você marca uma consulta médica dentro do SUS? No setor privado, você liga para o consultório e marca uma consulta, enquanto no SUS nem o telefone tem para se marcar uma consulta. Nós estamos antes do Alexandre Graham Bell, inventor do telefone. De todos os exames de sangue que são feitos, quantos a população não volta para buscar o resultado? 28% são jogados fora por falta de interesse da pessoa de ir buscar”, lamentou.

O deputado federal revelou que será preciso fazer uma gestão informatizada do SUS. “O problema do prontuário eletrônico, que é o compartilhamento nacional para saber o histórico do indivíduo, vai ser buscado no governo de Jair Bolsonaro para que possamos ter a gestão dos dados da saúde. Mas todos esses problemas são fruto da falta de política de saúde. Se você pegar o tempo de vida útil de um ministro da Saúde nos últimos anos, chega a um ano e dois meses. Enquanto no Ministério da Educação teve uma continuidade muito grande de uma política, no Ministério da Saúde foi uma sucessiva troca, uma hora para o partido A, outra hora para o partido B e depois para o partido C e, às vezes, dentro da condução do Ministério você tinha dentro das caixinhas um pedaço para A, para B, para C e para D e isso foi se repetindo praticamente ano após ano, permeado de corrupção, de denúncias e de interrupções de programas. Porque a saúde você faz com uma continuidade de políticas, quando se interrompe uma política na assistência básica, você colhe aumento de mortalidade”, alertou.

Para finalizar, Mandetta informou que, assim que assumir o cargo, vai entrar com uma controladoria e com uma auditoria. “Que a gente vai rever processos, é uma certeza. Que nós temos uma série de medidas para os primeiros 90 dias para dar mais austeridade, procurar o melhor caminho, retirar os gargalos, também é uma certeza. Que alguns resultados já poderemos colher a curto prazo, sim é possível, porém, o mais importante é a gente estruturar o Sistema para que, independentemente de quem lá estiver, ele esteja organizado para que a sociedade se aproprie dele e não haja mais interrupções de políticas”, finalizou.

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