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'Delirante e vergonhoso': Eduardo Bolsonaro reage ao indiciamento da PF

Deputado federal se defende das acusações de coação e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e diz que atuação nos EUA teve foco na liberdade de expressão e na anistia de acusados do 8 de Janeiro

20 agosto 2025 - 21h45Agência Brasil
'Delirante e vergonhoso': Eduardo Bolsonaro reage ao indiciamento da PF.
'Delirante e vergonhoso': Eduardo Bolsonaro reage ao indiciamento da PF. - (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criticou duramente a Polícia Federal após ser indiciado pelos crimes de coação no curso do processo e tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Em publicação feita nesta quarta-feira (20), nas redes sociais, o parlamentar chamou de “vergonhosa” a investigação e afirmou que ela busca apenas gerar “desgaste político”.

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Eduardo, que está morando nos Estados Unidos, contestou o relatório da PF que o liga a ações para influenciar o governo americano, à época presidido por Donald Trump, com o objetivo de pressionar autoridades brasileiras. Ele também voltou a defender publicamente a anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.

“É lamentável e vergonhoso ver a Polícia Federal tratar como crime o vazamento de conversas privadas, absolutamente normais, entre pai e filho e seus aliados”, afirmou o deputado no X (antigo Twitter).

Segundo a PF, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro articulou junto ao governo Trump a aplicação de medidas retaliatórias contra o governo brasileiro e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como forma de influenciar decisões internas do Brasil. A apuração concluiu que Eduardo agiu para atacar pilares do Estado Democrático de Direito.

A resposta do deputado foi classificada por ele como uma tentativa de criminalizar ações legítimas. “Se a tese da PF é de que haveria intenção de influenciar políticas de governo, o poder de decisão não estava em minhas mãos, mas sim em autoridades americanas”, escreveu.

Na postagem, Eduardo questiona por que autoridades dos Estados Unidos, como o ex-presidente Donald Trump, o senador Marco Rubio ou o então secretário do Tesouro Scott Bessent, não foram incluídos na investigação da Polícia Federal.

“Por que, então, a PF não os incluiu como autores? Omissão? Falta de coragem?”, provocou o parlamentar.

O deputado ainda classificou o relatório da PF como “delirante”, ao considerar exageradas as conclusões de que ele teria tentado influenciar a soberania nacional por meio de articulações internacionais.

Eduardo também argumentou que sua atuação no exterior sempre teve como objetivo promover o debate sobre liberdade de expressão e garantir a tramitação do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Ele negou que tenha tentado interferir diretamente em qualquer processo judicial brasileiro.

“Jamais tive como objetivo interferir nos processos em curso no Brasil. Sempre deixei claro que meu pleito é pelo restabelecimento das liberdades individuais no país, por meio da via legislativa”, escreveu, referindo-se ao projeto que busca perdoar os envolvidos nos atos antidemocráticos.

Vivendo nos Estados Unidos, o deputado também alegou que está sob proteção da Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que garante liberdade de expressão e o direito de peticionar demandas ao governo local. Segundo ele, suas ações se limitam ao debate político e não configuram crime.

“Se o meu ‘crime’ for lutar contra a ditadura brasileira, declaro-me culpado de antemão”, ironizou.

A investigação da PF é mais um capítulo no cerco jurídico à família Bolsonaro, que já enfrenta uma série de inquéritos por envolvimento em possíveis articulações golpistas e uso indevido da estrutura do Estado. Eduardo Bolsonaro, com base nos Estados Unidos, tem sido um dos mais ativos na defesa da anistia e na crítica às instituições brasileiras, principalmente ao STF.

Apesar da reação pública, o indiciamento pode resultar em novos desdobramentos judiciais, a depender do entendimento do Ministério Público Federal e, eventualmente, do Supremo Tribunal Federal, que pode decidir pelo prosseguimento do caso.

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