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POLÍTICA

Mesmo no STF, Flávio Dino mantém influência política no Maranhão e trava disputa com Carlos Brandão

Indicação para o TCE-MA, investigações da PF e embates partidários reforçam interferência do ministro na sucessão estadual e reacendem rivalidade com o governador

18 agosto 2025 - 07h55Redação
Flávio Dino, ministro do STF
Flávio Dino, ministro do STF - (Foto: Fellié Sampaio/STF)

Mesmo como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino continua exercendo influência nos rumos da política do Maranhão, seu Estado natal. Em meio a disputas com o atual governador, Carlos Brandão (PSB), o ministro travou a nomeação de um aliado do governador ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA) e determinou abertura de investigação da Polícia Federal sobre suposto esquema envolvendo a família Brandão.

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A crise teve início quando Brandão indicou o advogado e amigo pessoal Flávio Costa para o TCE-MA, com apoio da Assembleia Legislativa. O grupo político de Dino, no entanto, defendia o nome de Carlos Lula (PSB), ex-secretário de Saúde e hoje deputado estadual.

A nomeação de Costa foi questionada no STF pelo partido Solidariedade, então controlado no Maranhão por aliados de Dino. O caso caiu por sorteio justamente para o ministro, que decidiu suspender o processo de nomeação. A decisão reacendeu o embate entre os dois ex-aliados — Dino foi governador por dois mandatos com Brandão como seu vice.

A disputa também se refletiu no controle de partidos. A senadora Ana Paula Lobato, suplente de Dino, assumiu a presidência do PSB no Maranhão, tirando o posto de Brandão. Esposa do deputado estadual Othelino Neto, ex-presidente da Assembleia Legislativa e aliado de Dino, Ana Paula é hoje peça-chave na reorganização política do grupo do ministro.

No Solidariedade, o partido recuou da ação após mudança no comando estadual, que passou para o deputado federal Marreca Filho, ligado ao governo estadual. Ainda assim, a tensão permanece.

Há duas semanas, Dino determinou que a Polícia Federal investigue indícios de compra de vagas no TCE-MA. A apuração envolve empresas da família Brandão, suspeitas de usar holdings para ocultar patrimônio e operar possíveis esquemas de enriquecimento ilícito.

A denúncia cita a empresa Coagri, ligada à produção de grãos em cidades do interior maranhense. Costa, o indicado ao TCE, estaria ligado à gestão dos negócios. O caso ganhou mais repercussão após a revelação de que o governo estadual investirá R$ 280 milhões em uma estrada próxima às fazendas da empresa.

Mesmo com envolvimento político direto no Estado, Dino não se declarou impedido de relatar os processos. Adversários acusam o ministro de agir em benefício de aliados. Já o gabinete do magistrado afirma que todas as decisões seguem critérios técnicos e que o sorteio foi legítimo.

A disputa expõe a sobreposição entre política e Judiciário no Maranhão e já movimenta os bastidores da sucessão ao Palácio dos Leões em 2026.

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