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04 de dezembro de 2025 - 09h22
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CRIME ORGANIZADO

Despacho de Castro entra na mira da PF em investigação sobre o Comando Vermelho

Assinatura do governador do RJ em exoneração relâmpago levanta suspeita de manobra para proteger deputado preso ligado à facção

4 dezembro 2025 - 09h00Arthur Guimarães
Cláudio Castro, governador do Rio, é alvo de ações no TSE.
Cláudio Castro, governador do Rio, é alvo de ações no TSE. - (Foto: Wilton Júnior/Estadão)

Um despacho assinado pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), tornou-se alvo da Polícia Federal na investigação que apura a influência do Comando Vermelho (CV) dentro do governo fluminense e da Assembleia Legislativa (Alerj). A medida é considerada pelos investigadores como a primeira evidência direta da participação do chefe do Executivo estadual no esquema.

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A publicação foi feita às pressas, em uma edição extraordinária do Diário Oficial, no mesmo dia em que o ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, foi preso. O parlamentar é acusado de lavagem de dinheiro, compra de armas, drones e ligação direta com lideranças da facção criminosa.

O despacho exonerou o então secretário de Esporte e Lazer, Rafael Picciani, permitindo que ele retornasse à Alerj e, com isso, forçasse a saída automática de TH Jóias, que ocupava uma cadeira como suplente. A movimentação impediu que o Legislativo tivesse que votar pela manutenção ou não da prisão do deputado, evitando desgaste público.

A operação é vista pela PF como uma manobra política para "controlar danos" e evitar uma votação que poderia expor ainda mais a relação entre membros da Alerj e o crime organizado. Segundo os investigadores, o objetivo era preservar a imagem da Assembleia e manter o apoio do eleitorado de regiões dominadas pelo CV, de olho nas eleições de 2026.

Em nota publicada nas redes sociais na época, Castro afirmou que havia determinado o retorno de Picciani à Alerj, substituindo TH Jóias após a prisão. A decisão, agora considerada suspeita, foi articulada poucas horas após a ação da PF.

Na mesma investigação, a PF prendeu o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar, acusado de repassar dados sigilosos da operação a TH Jóias. A suspeita é de que ele tenha alertado o colega, permitindo que eliminasse provas antes da chegada dos agentes.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, que autorizou a prisão de Bacellar, classifica as ações como uma “manobra regimental célere” para proteger aliados com vínculos com o crime organizado e assegurar apoio político no Legislativo.

Moraes determinou que o governo do Rio forneça todos os registros digitais sobre o despacho de exoneração de Picciani, incluindo horários de edição, logins e sistema de tramitação. A Imprensa Oficial também deve informar quem solicitou a edição extraordinária do Diário Oficial.

O caso escancara a suspeita de infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado e reacende o debate sobre a fragilidade das instituições diante do poder das facções no Rio de Janeiro. A investigação pode ter desdobramentos eleitorais e judiciais nos próximos meses, com possíveis novas prisões e afastamentos.

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