
Durante a sessão ordinária desta quarta-feira (3) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), parlamentares voltaram a chamar atenção para os impactos ambientais que têm afetado regiões de ecoturismo como Bonito, Bodoquena, Jardim e Miranda. O deputado Pedro Kemp (PT) destacou a ausência de ações concretas contra o avanço do desmatamento e assoreamento dos rios, que comprometem o meio ambiente e a principal fonte de renda desses municípios: o turismo ecológico.
“É necessária a preservação dos nossos rios, da vegetação, de nosso Pantanal, que é patrimônio nacional. Trago hoje a preocupação com o avanço do desmatamento e assoreamento dos rios em Bonito e Bodoquena. Não temos visto ações concretas de fiscalização e punição. A preservação ambiental é uma necessidade que o mundo todo coloca como prioridade”, afirmou Kemp em plenário.
Monitoramentos revelam riscos ambientais - Segundo o parlamentar, dados recentes de monitoramentos ambientais apontaram sinais preocupantes. “Foi identificado em recente monitoramento ambiental, sinais de ativos ambientais que podem afetar quem frequenta os locais que ficam nos municípios de Bodoquena, Jardim, Bonito e Miranda. Foi identificada também a redução das áreas de preservação permanente (APPs)”, denunciou.
Pedro Kemp pediu ações efetivas e imediatas por parte do Estado para evitar danos irreversíveis aos recursos naturais da região. “Esses atrativos naturais podem acabar. Eles são importantes inclusive economicamente. Se o Estado não cuidar disso, o que nós iremos oferecer?”, questionou.
O deputado Zeca do PT (PT) reforçou o alerta e propôs articulações institucionais para cobrar soluções. “Um assunto muito importante para o Estado, para o ecoturismo e pela simbologia que representa. Estou marcando uma audiência com o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com o Ministério Público Federal e Estadual (MPF e MPE-MS), uma audiência para levantar a questão das águas da região de Bonito, cada vez mais turvas, e te convido para fazer junto comigo essa reunião, Kemp”, declarou o parlamentar.
Impacto no turismo e crítica à gestão ambiental - O deputado Roberto Hashioka também participou da discussão, apontando a importância econômica do turismo ecológico para Mato Grosso do Sul. “Grande geradora de empregos e indústria limpa, nem todos os estados têm a qualidade que temos para oferecer para os turistas pela natureza bela do Mato Grosso do Sul”, disse.
Ele ainda criticou falhas na fiscalização ambiental, citando uma experiência pessoal com o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul). “Há um tempo atrás me recordo que falavam de uma fazenda desmatada no Pantanal. Tenho uma pequena propriedade em Nova Andradina, com uma represa com mais de 50 anos de existência. Em 2015, sofreu uma avaria, foi consertada, e eu fui notificado por um técnico do Imasul com a determinação de cortar a crista do aterro e desmatar todas as árvores. Isso não faz sentido. Falta empenho e seriedade quando se fala em Meio Ambiente aqui no Estado”, criticou Hashioka, que também é engenheiro rodoviário.
Desafios para preservação ambiental - As denúncias refletem um problema estrutural e recorrente: o frágil sistema de fiscalização ambiental no Estado. As falas dos deputados revelam uma preocupação compartilhada sobre os riscos de perda irreparável do bioma local e da atividade econômica que gira em torno do ecoturismo, sobretudo em Bonito, reconhecido internacionalmente por suas águas cristalinas.
As audiências propostas devem mobilizar órgãos federais e estaduais nos próximos dias. A expectativa dos parlamentares é que o Estado assuma postura mais rigorosa quanto à proteção de seus recursos naturais.

