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DEBATE

Deputados da ALEMS debatem fala que compara professores a traficantes

O deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que não havia diferença entre um professor doutrinador para um traficante de drogas

12 julho 2023 - 12h35Christiane Mesquita
Na manifestação deste domingo, 9, Eduardo disse que professores 'doutrinadores são piores do que traficantes de drogas'
Na manifestação deste domingo, 9, Eduardo disse que professores 'doutrinadores são piores do que traficantes de drogas' - (Foto: Reprodução/Estadão)

O deputado estadual Rafael Tavares (PRTB) utilizou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) nesta manhã (12) para criticar moção de repúdio apresentada pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT) hoje, contra a fala do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). “O deputado Eduardo Bolsonaro afirmou que não havia diferença entre um professor doutrinador para um traficante de drogas. E isso é verdade, registro aqui o caso de uma professora de matemática que comparou a Polícia e o Exército a bandidos, afirmando que só tinha bandidos nas forças de segurança”, relatou.

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O deputado também exibiu um vídeo em que o professor se exaltava quando o aluno dizia sua posição política. “Esse é um dos motivos do meu projeto de lei que foi barrado na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) hoje. A matéria determina a instalação de câmeras de vídeo e de áudio nas salas de aula de escolas do Estado, e esta gravação de aulas inteiras beneficia toda a comunidade escolar. Se doutrinação fosse boa, não estaríamos nas últimas colocações em Educação. Eu fui doutrinado dentro de sala de aula, por isso falo sobre o assunto. Não podemos permitir que nossos filhos sejam doutrinados”, concluiu.

O deputado e presidente da ALEMS, Gerson Claro (PP), falou sobre o termo doutrinador em sua essência. “Sou professor formado em História, e entendo que há aí um erro de forma ou intenção, os considerados doutrinadores nas universidades e academias, sejam elas no Brasil, Alemanha ou Europa, são os grandes mestres, os melhores professores. Os doutrinadores são então as pessoas que estudaram e inovaram na Educação. Quando alguém usa o termo doutrinador pejorativamente, talvez seja um erro de conceito, quando eu era professor de história, buscava fazer com que meus alunos aprendessem a pensar. E acredito que esse é o grande erro é usar a palavra doutrinador pejorativamente, porque o verdadeiro doutrinador é a essência do mestre que nós aprendemos na academia”, definiu.

O deputado estadual Pedro Kemp (PT) é o autor da moção de repúdio apresentada a fala que fez a comparação ao professor. “Essa perseguição aos professores leva até o professor a tirar licença médica, foram cinco ministros da Educação no governo Bolsonaro, também foram cortado recursos da Educação, Ciência e Tecnologia. A extrema direita é contra a educação e a formação de pensamento crítico. Não vou admitir deputado ofender professor, comparar professor a traficante é o fim da picada. Toda vez que for ofendido a liberdade de cátedra de educar, eu farei a defesa. Seu projeto foi derrubado porque ele é inconstitucional”, afirmou.

O deputado Pedrossian Neto (PSD), vice-líder do Governo na Casa de Leis e integrante da CCJR, falou sobre os pontos que trouxeram a inconstitucionalidade ao projeto apresentado por Rafael Tavares. “Entre os pontos relatados, é que esse projeto cria despesas e não trouxe fonte de anulação, a instalação de câmeras em ambiente escolar também contraria textualmente o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente, pois é necessário preservar a imagem. Em relação ao que acontece, como nesse vídeo apresentado, não podemos colocar todos os profissionais da Educação no mesmo balaio, temos o menor investimento em educação de todos os países, é esse conjunto complexo multi-causal que traz esses resultados”, explicou.

O deputado Zé Teixeira (PSDB) declarou sua opinião sobre o tema. “Não concordo em comparar um professor com um traficante, é muito forte o que foi dito, é extremo. Não existe um país do mundo que saia da situação de país emergente sem a Educação O professor substitui até hoje no Brasil alguns lares destruídos. Eu acredito que exista 1% de doutrinadores, mas não é a maioria, não é a Educação que eu conheço. Também discordo plenamente de colocar câmera dentro das salas, mas foram de aula deveria ter, mas sim fora da sala de aula”, exemplificou.

O deputado João Henrique (PL) detalhou a juridicidade e constitucionalidade de propostas. “Segundo o Supremo Tribunal Federal (STF), você não pode criar despesa no exercício atual, mas pode empenhar para o próximo, como é feito na Câmara. Também pode fazer com que o plenário seja soberano, e mesmo que o projeto receba cinco votos contrários, seja feito um abaixo assinado e analisado em plenário. Vossa excelência acerta, é um projeto bem vindo que trará avanços para a Educação de Mato Grosso do Sul. Isso é um avanço tecnológico, os maiores países fazem isso, negar isso é negar a realidade acadêmica internacional. A gravação constitui um meio de prova para qualquer lado para aplicar o que tiver na lei. Parabéns pelo seu projeto, muito maior que essa discussão de caráter ideológico”, congratulou.

A deputada Gleice Jane (PT), questionou o que vem sendo afirmando em plenário, sobre doutrinação ideológica em qualquer viés. “Sou professora e gosto de dialogar, perguntando. Alguns de vocês foram doutrinados na escola? Suas ideologias foram construídas a partir do que era orientada pelos professores, a sexualidade também alterada ou definida por alguém da escola? Eu realmente questiono se querem debater a escola, é muito raso esse debate sobre doutrinação trazido pela extrema direita, que não contribui nada a evolução da Educação, é necessário debater as novas metodologias, o orçamento, as condições dos professores nas escolas”, pontuou.

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