Na madrugada desta última terça-feira (03), o silêncio de Dourados foi atravessado por uma notícia triste: Waldemar Dorta, figura central na comunicação da cidade, faleceu aos 82 anos. O deputado Zé Teixeira (PSDB), ao saber da morte do ex-diretor das rádios Caiuás e Clube de Dourados, foi à tribuna lamentar a perda do "visionário da comunicação" que marcou gerações. “Ele deixa um belíssimo legado de dedicação e amor à profissão”, disse o deputado, enquanto apresentava uma Moção de Pesar em homenagem a Dorta.
Waldemar era mais do que uma voz ou um nome na história das rádios da região. Ele foi o arquiteto de uma forma de fazer rádio que dialogava diretamente com os ouvintes. Em um tempo onde as conexões se faziam através de sintonias precisas e não por algoritmos, ele transformou as rádios em um espaço de encontro para as comunidades de Dourados e arredores. Seu legado, como pai do jornalista Fábio Dorta e avô da também jornalista Fabiane Dorta, perpetua a paixão pela informação e pela comunicação.
Mas a trajetória de Waldemar, encerrada por complicações cardíacas, deixa marcas além das frequências AM e FM. Para seu filho Fábio, Waldemar foi muito mais do que um diretor de rádio. Em um post emocionado nas redes sociais, Fábio descreveu o pai como "um grande homem da comunicação em Dourados, um pai presente, um avô amoroso, um bisavô orgulho". A despedida veio acompanhada de um misto de saudade e reconhecimento pelos "grandes momentos e exemplos de dignidade e honestidade" que ele deixa para a família e para a cidade.
O rádio, a cidade e o tempo - Waldemar Dorta começou a trabalhar no rádio em um momento em que esse meio ainda tinha um papel central na vida das pessoas. Em uma cidade como Dourados, onde as distâncias pareciam maiores e as informações se moviam a passos lentos, as ondas do rádio eram uma das poucas formas de manter a população conectada com o que acontecia no mundo. Dorta sabia disso. Com seu espírito empreendedor, ele transformou as rádios Caiuás e Clube de Dourados em verdadeiras potências locais, onde o ouvinte podia encontrar notícias, entretenimento e a familiaridade das vozes que falavam diretamente com a comunidade.
Em um mundo cada vez mais digital, onde os smartphones e as redes sociais ocupam o lugar das rádios na casa das pessoas, a história de Waldemar Dorta lembra uma época em que a comunicação tinha outro ritmo. As mensagens não eram instantâneas, mas talvez por isso mesmo, eram mais profundas. A rádio não era apenas um serviço, mas um hábito, uma companhia constante no trabalho, em casa ou no campo.
O legado de Waldemar Dorta - Na Moção de Pesar apresentada por Zé Teixeira, a relevância de Dorta para o desenvolvimento da comunicação em Mato Grosso do Sul foi destacada. O deputado falou sobre o “espírito visionário” de Waldemar e seu compromisso com a profissão. E não é para menos: sua influência na formação da mídia local é inegável. Ele fez do rádio muito mais que um veículo, transformando-o em um meio de interação social, um verdadeiro ponto de encontro para a população.
O fim da vida de Waldemar Dorta fecha um capítulo importante da história de Dourados, uma cidade que cresceu acompanhada pelo som das rádios que ele ajudou a construir. Seu legado continua vivo através dos filhos e netos, que também seguiram o caminho da comunicação. Mas mais do que isso, sua marca está nas lembranças daqueles que ligavam o rádio e sabiam que, de alguma forma, as ondas levavam até eles a voz de Dourados.
