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POLÍTICA

Prisão de generais por tentativa de golpe marca amadurecimento da democracia, avalia historiador

Para Mateus Gamba Torres, punição histórica reforça compromisso do país com a legalidade e a justiça

27 novembro 2025 - 10h20
Professor da UnB diz que prisão de generais por golpe mostra amadurecimento da democracia no Brasil.
Professor da UnB diz que prisão de generais por golpe mostra amadurecimento da democracia no Brasil. - (Foto: Frame TV Brasil)
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A prisão de oficiais-generais condenados por envolvimento na tentativa de golpe de Estado representa um marco inédito na história do Brasil e, segundo o professor de história Mateus Gamba Torres, da Universidade de Brasília (UnB), é reflexo de um processo de amadurecimento democrático. A avaliação foi feita durante entrevista ao telejornal Repórter Brasil, da TV Brasil, exibida na quarta-feira (26).

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Além do ex-presidente Jair Bolsonaro — capitão da reserva do Exército —, também foram presos nesta semana os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, além do almirante Almir Garnier. Todos estão entre os principais articuladores da trama golpista desbaratada pela Justiça e, agora, cumprem pena por crimes contra o Estado democrático de direito.

É a primeira vez que oficiais de tão alta patente são presos por participação direta em uma tentativa de ruptura institucional. O professor Mateus Torres destaca o caráter simbólico e histórico do momento. “Mesmo que os militares resolvessem fazer uma tentativa de golpe, como houve várias vezes na República, isso agora não é mais aceito pela nossa democracia”, afirmou.

Com a condenação, os militares também poderão ser alvo de processos para perda do oficialato, o que será julgado pelo Superior Tribunal Militar (STM). O especialista considera essa possibilidade um passo importante para afirmar que nenhum agente público está acima da Constituição. “Não existe nada mais indigno do que se colocar contra a nossa democracia”, completou.

Ao comentar as propostas de anistia aos envolvidos nos atos golpistas, o historiador foi enfático: “A anistia não apazigua nada. Ela varre a sujeira para debaixo do tapete”. Para ele, perdoar os golpistas seria repetir erros do passado, como ocorreu com a anistia de 1979, que livrou torturadores da ditadura militar de responsabilização judicial.

Segundo Torres, até hoje o Brasil carrega as consequências dessa decisão, com a falta de uma justiça de transição plena. Ele afirma que o julgamento e punição dos golpistas são necessários para que a democracia se consolide, com memória, justiça e verdade.

O professor da UnB também destacou que o rigor da Justiça nesses casos contribui positivamente para a imagem internacional do Brasil. “A decisão judicial fortalece a visão que os outros países têm do nosso compromisso com a democracia”, disse.

Apesar de reconhecer que ainda há forte corporativismo nas Forças Armadas, Torres acredita que o atual momento político cria um ambiente propício para que o STM confirme a perda das patentes dos militares condenados.

A série de prisões e desdobramentos judiciais acontece cerca de 40 anos após o processo de redemocratização e serve, segundo o especialista, como prova de que o Brasil está mais preparado para reagir institucionalmente contra qualquer ameaça autoritária.

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