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ELEIÇÕES

Delcídio do Amaral prevê uma eleição complicada em todas as esferas no Brasil

O candidato a deputado federal pelo PTB, o ex-senador também falou sobre o PT, programa de governo e o porquê de voltar à vida política

2 setembro 2022 - 15h00Da Redação
O candidato a deputado federal Delcídio do Amaral
O candidato a deputado federal Delcídio do Amaral - (Foto: A Crítica)

Em entrevista concedida nesta sexta-feira (02) ao jornalista Carlos Ferreira do programa Giro Estadual de Notícias, do Grupo Feitosa de Comunicação, o candidato a deputado federal pelo PTB, ex-senador Delcídio do Amaral, aborda os motivos de voltar à vida política, das propostas para ajudar no desenvolvimento de Mato Grosso do Sul e do momento complicado pelo qual passa a política no Brasil. Ele ainda reforçou que continua sendo do povo e que sua campanha está alicerçada nesse pilar, criticando que muitos candidatos não têm aproximação com a população. Outro ponto abordado por ele foi que não guarda mágoas do PT e sobre a atual situação do candidato do PTB à Presidência da República, o ex-deputado federal Roberto Jefferson.

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"Durante o período da pandemia, tive algumas dificuldades, todo mundo sabe, mas, graças a Deus, fui inocentado, transitou em julgado, e agora sou candidato a deputado federal e, como presidente estadual do PTB, quero cumprimentar os candidatos e candidatas do partido, não só para a Assembleia Legislativa, mas também para a Câmara dos Deputados. Estou na caminhada, até porque sempre fui um político diferente, sempre fui um político que trabalhou no Estado todo. Quando fui senador, percorri assentamentos, aldeias indígenas, quilombolas e as áreas urbanas dos nossos 79 municípios. Foram mais de R$ 2 bilhões de investimentos em educação, saúde, infraestrutura, o Luz para Todos, um programa cidadão de inclusão elétrica. Muita gente tinha vivido uma vida inteira e ainda não tinha convivido com a energia elétrica", pontuou Delcídio do Amaral.


O candidato a deputado federal Delcídio do Amaral

O ex-senador acrescentou que também investiu em universidades e institutos, como a UFGD e o IFMS, bem como no turismo, centro de convenções e em rodovias federais, como a BR-262. "Com esses predicados é que estou voltando e fazendo a política de andar nas ruas, não como alguns políticos aí que pensam que fazer política é ter curtidas nas suas redes sociais e fazer caras e bocas na televisão, político tem que andar na rua, conversar com as pessoas, ouvir críticas, procurar ajudar, tem que assumir compromissos e tem que prestar contas daquilo que faz. É com esse espírito, mas, principalmente voltado para um tema tão importante que são a inovação e a tecnologia, que são programas integrados de desenvolvimento econômico e social, que estou percorrendo o nosso Estado para verificar esse potencial maravilhoso que Mato Grosso do Sul tem e que precisa ser melhor explorado", revelou.


"Com esses predicados é que estou voltando e fazendo a política de andar nas ruas"

Antes de ser político, Delcídio do Amaral lembrou que é engenheiro eletricista de formação e não médico ou advogado. "Fui executivo de grandes empresas, morei muitos anos fora do Brasil, andei pelo mundo todo e sempre trabalhei em empresas com orçamentos gigantescos, dos quais o orçamento de Mato Grosso do Sul não chega nem perto. Empresas que trabalhavam em um mercado muito competitivo e que exigia pesquisa e desenvolvimento tecnológico, então, eu sei o alcance que a tecnologia tem e o que ela pode representar para a geração de empregos", ressaltou, respondendo ao questionamento sobre o que precisa ser feito para melhorar o Estado.

Ele completou que, infelizmente, no nosso Estado ainda se tem a predominância da economia primária, mas que é preciso multiplicar o número de ocupações no mercado de trabalho para os jovens que estão sendo preparados profissionalmente. "Não vai demorar para registrarmos evasão dos nossos jovens talentos para outros Estados por falta de oportunidades aqui. Temos a tecnologia 5G chegando, que é uma coisa de outro mundo e ainda não exploraram bem o que ela vai proporcionar sob o ponto de vista da telemedicina, do setor industrial e do agronegócio. É imensurável a transformação que o 5G vai proporcionar e espero que essa tecnologia chegue ao Estado o mais rapidamente possível, será um novo tempo e estou nessa porque tecnologia é cruel, se você não montar no cavalo agora, não consegue montar mais e ficará para trás", alertou.


O candidato Delcídio do Amaral afirmou que no nosso Estado ainda se tem a predominância da economia primária, mas que é preciso multiplicar o número de ocupações no mercado de trabalho para os jovens que estão sendo preparados profissionalmente.

Eleições

Na visão do ex-senador da República, o Brasil está tendo uma eleição complicada em todas as esferas. "Eu sou da política que discute propostas e projetos, aquilo que vai melhorar a vida dos cidadãos. Não faço parte dessa baixaria que estou vendo aí, com ataques pessoais, ataques à família, brigando sobre quem é mais de direita, isso não constrói absolutamente nada. Vejo esse cenário com muita preocupação, independentemente de quem vier a vencer essas eleições, pois sou um homem de temperança, sou um homem de diálogo e, quando vejo determinados posicionamentos de todos os lados, fico bastante preocupado", afirmou.


"Eu sou da política que discute propostas e projetos, aquilo que vai melhorar a vida dos cidadãos"

Delcídio acrescentou que as pessoas que sempre empreenderam a boa política não conseguiram montar um discurso mínimo para atrair o povo, então, teremos dias difíceis e com alguns precedentes extremamente preocupantes, sob o ponto de vista até de segurança pessoal das candidaturas. "É uma campanha muito complexa sob o ponto de vista comportamental também, ela está tão conturbada que na noite desta quinta-feira (1º/09) a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi atacada na frente da casa dela. A sorte é que a arma falhou e seria um tiro na cabeça dela, então, estamos vivendo tempos sombrios e muito preocupantes. Espero que Deus nos ilumine e nos abençoe para trazer de volta a generosidade, a civilidade, a gentileza e o abraço, coisas que são fundamentais para que a gente tenha cidadania", pediu.

Ele ainda recordou que, quando estava no Senado, aprendeu muitas coisas e sempre teve compromisso com o povo. "Sempre fui um homem de construção de pontes, nunca destruí nada, apesar de ser muito atacado. Eles me atacam não por representar alguém que persiga, como boa parte deles, que tem ódio e ranço, mas porque sou algo muito diferente. Se sou pior ou melhor, não sei, diferente com certeza sou. O povo entende isso, pois, quando ando pela rua, as pessoas não têm medo de encostar em mim, de conversar comigo, de brincar ou fazer selfie. Vejo alguns candidatos e candidatas que estão se colocando no cenário político, demonstrando a distância que alguns têm da população, as pessoas ficam meio intimidadas e nem encostam", lamentou.


"Sempre fui um homem de construção de pontes, nunca destruí nada, apesar de ser muito atacado"

O candidato ressaltou que, praticamente, é um político suprapartidário porque sempre conversou com todo mundo e sempre procurou fazer o bem. "Hoje, a conclusão que chego é que os eleitores votam muito mais nas pessoas do que nos partidos e esse é o meu caso, não sei se também é o dos outros. Isso prevalece no Brasil, onde as pessoas não votam na legenda, mas no candidato em si, independentemente da sigla", analisou.

PT e Roberto Jefferson

Questionado se ainda guarda mágoas do PT, Delcídio pontuou que é cristão e foi criado na cristandade, quando aprendeu que, na vida, tudo o que se faz com ressentimento e ódio, não vai construir nada e isso só fará mal para a alma. "Por mais que alguém tenha feito mal para mim ou me prejudicado, eu converso com a pessoa com a mesma civilidade, trato bem. Tenho milhões de defeitos, mas sou um político educado. Posso ter divergências com relação a algumas pessoas, mas sou educado no trato e respeitoso com todos, não faço ataques pessoais, sou um cara de construção, de projetos, de propostas. Espero que esse tipo de comportamento retorne à política porque baixaria não agrega absolutamente nada a ninguém e, especialmente, ao Estado e ao País", ponderou.

A respeito de Roberto Jefferson, ele lembrou que o candidato do PTB à Presidência da República é o ex-deputado federal e, portanto, está apoiando a candidatura dele ao Planalto. "O PTB é um partido cristão e, sob o ponto de vista programático, o Roberto Jefferson fez uma construção bastante pertinente. Podem ter divergências pontuais com algumas coisas, mas, claro, há uma identificação do Roberto Jefferson e do PTB ao presidente Jair Bolsonaro (PL), isso é inegável", afirmou.


Questionado se ainda guarda mágoas do PT, Delcídio pontuou que é cristão e foi criado na cristandade, quando aprendeu que, na vida, tudo o que se faz com ressentimento e ódio, não vai construir nada e isso só fará mal para a alma

O ex-senador completou que a situação em que o Roberto Jefferson se encontra é uma coisa impensável, pois está preso em prisão domiciliar e com tornozeleira eletrônica por um crime de opinião. "Ele pode ter cometido alguns exageros, na política é assim, mas, crime de opinião. Mandar prender por causa de notícias de um site de Brasília e a quebra do sigilo a pedido de um senador chamado Randolfe Rodrigues, que, ao invés de defender a política e debater a política, judicializa tudo. O partido do Randolfe não é um partido de políticos, é um partido de advogados, era melhor não ter nem bancada, perdeu, ingressa com uma ação na Justiça", reclamou.

Para o candidato, os políticos têm uma parcela de culpa nesse aumento da interferência do Poder Judiciário no Congresso Nacional e nas decisões da Presidência da República. "Se alguém divergia de alguma decisão dentro do Congresso Nacional, a parte contrariada já judicializava, acabou dando nisso aí que estamos vendo, um excesso de protagonismo de alguns integrantes do Poder Judiciário e um desserviço de alguns setores da mídia que, surpreendentemente, pessoas que eles tentaram destruir lá atrás, estão sendo ressuscitada e elogiada. Às vezes, até dá nojo assistir alguns telejornais pela tendenciosidade e desequilíbrio na hora de dar os pontos de vista", revelou.

Programa de governo

No encerramento da entrevista, Delcídio do Amaral informou que vai lançar na próxima semana um programa de governo chamado "Futuro MS", no qual pretende debater uma série de ideias para fazer com que o Estado avance. "Precisamos olhar mais do que nunca as novas tecnologias, a necessidade de agregar valor à nossa produção, utilizar os potenciais que temos, não só o agronegócio, mas, também os nossos minerais, o gás natural da Bolívia, que é pouco aproveitado e pode ser transformado em gasolina, diesel, gás de cozinha e fertilizantes. A Bolívia já faz isso e Mato Grosso do Sul não aproveita essas particularidades do gás natural, o que existe de agregação de valor são as usinas termelétricas que instalei em Campo Grande e Três Lagoas e alguns consumidores industriais", recordou.

Para o ex-senador, é preciso aproveitar o potencial turístico do Estado também. "O turismo de sustentabilidade, o turismo ambiental, histórico e cultural. Eu venho de uma cidade que tem uma história que se mistura com a do Brasil, a minha Corumbá. Nós precisamos ter um outro olhar para o Estado, não podemos viver em um local que tem um potencial gigante para crescer, mas que, se não enxergar o que está vindo por aí, vai ficar para trás", projetou.

O candidato lembrou que Estados que montaram programas arrojados de startups de desenvolvimento de softwares, usando as indústrias, as escolas técnicas e as universidades, hoje são a ponta de lança nesta área, empregando pessoas e criando uma nova realidade, acoplando um governo com as indústrias associado à tecnologia e inovação. "Esse é o meu sonho, um sonho que já é realidade em muitos lugares do mundo e não é possível que aqui em Mato Grosso do Sul não consigamos fazer isso também", finalizou. Assista a entrevista concedida ao jornalista Carlos Ferreira na íntegra:

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