
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro tem até as 20h34 desta sexta-feira, 22, para fornecer explicações ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre um suposto plano de asilo político na Argentina, descoberto em diligências realizadas pela Polícia Federal. O pedido de esclarecimentos foi feito após o indiciamento de Bolsonaro e de seu filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), pelos crimes de coação no curso do processo e abolição do Estado Democrático de Direito, relacionados à tentativa de interferir no julgamento de uma ação penal envolvendo o ex-presidente.

A defesa de Bolsonaro, no entanto, refutou as acusações de que o ex-presidente teria cogitado deixar o país. O advogado Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação de Bolsonaro, afirmou ao Estadão: "Nunca ouvi falar de fuga para nenhum lugar. Nem Israel, nem Argentina. Nada. Tanto o celular dele quanto o do tenente-coronel Mauro Cid, seu principal ajudante de ordens, eram espaços onde inúmeras ideias chegavam e saíam sem nenhum juízo de valor e sem nenhuma apreciação."
Com as explicações da defesa, o ministro Moraes decidirá sobre a continuidade da prisão domiciliar de Bolsonaro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) também foi ouvida e aguarda as conclusões sobre o caso.
A Polícia Federal, no entanto, considera que os documentos encontrados indicam um possível plano de fuga do ex-presidente para a Argentina. Uma minuta de pedido de asilo político foi produzida em fevereiro de 2024, após a deflagração da operação que investiga o suposto plano de golpe de aliados de Bolsonaro. O arquivo digital, de 33 páginas, foi associado a Fernanda Bolsonaro, esposa do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Curiosamente, no cabeçalho do arquivo, o nome do presidente da Argentina, Javier Milei, foi grafado de forma errada, o que levanta ainda mais suspeitas.
Agora, com os esclarecimentos a serem apresentados, o futuro de Bolsonaro e a evolução do processo judicial continuam incertos. O STF deverá analisar as informações e decidir sobre os próximos passos, enquanto as investigações sobre o suposto plano de golpe e os possíveis desdobramentos da fuga continuam em curso.
