
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que, embora tenha queimado a tornozeleira eletrônica, ele não tentou retirar o equipamento nem fugir. Em manifestação enviada neste domingo (23), os advogados reiteraram o relato apresentado pelo próprio Bolsonaro na audiência de custódia: que o ex-presidente sofreu "efeitos colaterais em razão das diferentes medicações prescritas", o que teria desencadeado "pensamentos persecutórios e distantes da realidade".
Os advogados Celso Vilardi, Paulo Amador da Cunha Bueno e Daniel Tesser sustentam que o comportamento do ex-presidente foi incoerente e incompatível com uma tentativa de fuga. "Nada, na ação descrita nos documentos produzidos pela SEAP, narra uma tentativa de fuga ou de desligamento da tornozeleira eletrônica. Muito pelo contrário, expõe um comportamento ilógico e que pode ser explicado pelo possível quadro de confusão mental causado pelos medicamentos ingeridos por Bolsonaro, sua idade avançada e o estresse a que está inequivocamente submetido", afirmam.
A manifestação foi enviada após determinação do ministro Alexandre de Moraes, que deu 24 horas para a defesa explicar o episódio em que Bolsonaro queimou a tornozeleira. A prisão preventiva foi decretada no sábado (22), sob justificativa de risco de fuga. Os advogados pedem agora que Moraes reconsidere a decisão e volte a analisar o pedido de prisão domiciliar humanitária.
O cardiologista Leandro Echenique e o cirurgião geral Claudio Birolini informaram ao STF que estiveram com Bolsonaro na Superintendência da Polícia Federal em Brasília na manhã deste domingo (23). Segundo o relatório enviado à Corte, o ex-presidente estava clinicamente estável e sem intercorrências após a noite de detenção.
Durante a avaliação, Bolsonaro relatou que, na sexta-feira (21), apresentou "quadro de confusão mental e alucinações, possivelmente induzidos pelo uso do medicamento pregabalina", prescrito por outra médica com o objetivo de "otimizar o tratamento". O remédio, segundo os médicos, foi receitado sem o conhecimento do restante da equipe e tem "importante interação com os medicamentos que ele utiliza regularmente".
O documento detalha que a pregabalina tem potenciais efeitos colaterais como confusão mental, desorientação, sedação, transtornos de equilíbrio, coordenação anormal, alucinações e alterações cognitivas. O medicamento foi suspenso imediatamente após a constatação do quadro, e os médicos afirmam que os sintomas cessaram após os ajustes.
A equipe reforça que segue acompanhando a evolução clínica do ex-presidente, com reavaliações periódicas.

