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Datafolha: maioria dos brasileiros vê Forças Armadas envolvidas em irregularidades de Bolsonaro

Pesquisa mostra que 61% dos entrevistados têm a percepção de que oficiais militares estão envolvidos nas investigações em que o ex-presidente é alvo, como caso das joias

16 setembro 2023 - 14h30
O presidente Jair Bolsonaro assistiu ao desfile de tanques ao lado de ministros e integrantes das Forças Armadas em agosto de 2021.
O presidente Jair Bolsonaro assistiu ao desfile de tanques ao lado de ministros e integrantes das Forças Armadas em agosto de 2021. - (Foto: Gabriela Biló/Estadão)

A maior parte dos brasileiros não crê na integridade das Forças Armadas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). É o que mostra uma pesquisa do Datafolha publicada neste sábado, 16. Segundo o levantamento, 61% dos brasileiros acredita que oficiais militares estiveram envolvidos em alguma irregularidade na gestão passada. Um quarto dos entrevistados pensa o oposto e 14% não soube opinar.

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Um recorte da pesquisa questionou as pessoas que disseram conhecer o caso das joias sauditas, que representam 77% dos entrevistados. O ex-presidente e várias pessoas do seu entorno são suspeitos de articularem um esquema internacional de venda de joias e objetos de alto valor recebidos durante agendas oficiais e que seriam, portanto, bens da União.

Dentro desse grupo da pesquisa (os que conhecem o caso das joias), o percentual que acredita que os militares estavam envolvidos sobe para 65%. Esse número sobe para 69% quando se olha para os mais ricos e para 70% entre os moradores da região Nordeste, que concentra estados que são redutos eleitorais do PT.

Caso das joias e delação de Mauro Cid

O caso das joias sauditas foi revelado pelo Estadão em março e teve outros desdobramentos importantes em agosto. No dia 11 desse mês a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação que vasculhou endereços ligados a Frederick Wassef, advogado de Bolsonaro, ao pai do tenente-coronel Mauro Cid, general Mauro Cesar Lourena Cid e ao ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti.

Todos são investigados de serem parte no esquema da venda de joias e artigos de luxo. Entre esses bens, está um relógio da marca Rolex cravejado de platina e diamantes, que foi recomprado por Wassef com recursos próprios para entregá-lo ao Tribunal de Contas da União (TCU). Outro objeto que teria sido vendido pelo grupo é uma estatueta de coqueiro, cujo reflexo do pai de Mauro Cid aparece nas fotos que ele mandou em uma conversa sobre a avaliação do objeto.

Reflexo de general Lourena Cid, pai de Mauro Cid, em caixa de esculturas e joias.

O ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid é considerado uma peça central no caso. Ele foi preso no dia 3 de maio, quando a PF deflagrou uma operação em busca de provas para a investigação de fraude nos cartões de vacinação de Bolsonaro e sua filha Laura. O tenente-coronel foi incluído depois na investigação das joias sauditas.

Ele deixou a prisão no sábado passado, 9, depois do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes homologar um acordo de delação premiada que Cid fez com a PF. Os termos desse acordo permanecem sob sigilo, mas, de acordo com a Revista Veja, ele teria confessado que entregou nas mãos de Bolsonaro dinheiro vivo oriundo da venda de joias.

Tanto o pai, Mauro Cesar Lourena Cid, quanto o filho, Mauro Cesar Barbosa Cid, são militares, assim como o ex-ajudante de ordens Osmar Crivelatti.

Cerco fechado

Depois do fim do governo Bolsonaro, o cerco tem se fechado em torno dos militares que se envolveram em seu governo. Há membros da Marinha, do Exército e da Aeronáutica investigados e citados em apurações da Polícia Federal.

Além dos envolvidos no caso das joias sauditas e na fraude dos cartões de vacinação, esta semana o vice de Bolsonaro na chapa das últimas eleições, general Walter Braga Netto, viu sua pré-candidatura à prefeitura do Rio em risco por causa de uma operação da Polícia Federal em um inquérito no qual ele figura como investigado.

A pré-candidatura de Braga Netto à prefeitura do Rio ficou comprometida com a investigação da PF que desencadeou a operação da última terça, 12.

Apesar de citado, Braga Netto não foi alvo das buscas desta terça-feira, 12, no bojo de um inquérito que apura desvios de verbas públicas na compra de coletes balísticos durante a intervenção militar no Rio de Janeiro, que se deu no governo de Michel Temer (MDB). O general era o chefe do gabinete de intervenção e publicou uma nota nas redes sociais negando todas as acusações.

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