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Apoio à prisão de Bolsonaro cai e brasileiros se dividem sobre possível punição, mostra Datafolha

Pesquisa revela queda de 4 pontos entre os que defendem prisão por tentativa de golpe; maioria acredita que ex-presidente não será preso

2 agosto 2025 - 07h30Redação O Estado de S. Paulo
Bolsonaro mostra tornozeleira após encontro com deputados aliados na Câmara
Bolsonaro mostra tornozeleira após encontro com deputados aliados na Câmara - Foto: Adriano Machado/Reuters

A nova rodada da pesquisa Datafolha, divulgada na sexta-feira (1º), aponta uma redução no percentual de brasileiros que defendem a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por sua suposta participação em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Segundo os dados, 48% dos entrevistados acreditam que ele deveria ser preso, contra 52% registrados em abril.

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Por outro lado, a quantidade de pessoas que são contra a prisão de Bolsonaro subiu de 42% para 46% no mesmo intervalo. A diferença entre os dois grupos caiu de 10 para apenas 2 pontos percentuais, ficando dentro da margem de erro da pesquisa, que é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O instituto ouviu 2.004 pessoas com 16 anos ou mais nos dias 29 e 30 de julho, em diferentes regiões do país. O levantamento buscou compreender a percepção da população diante dos avanços nas investigações sobre os atos antidemocráticos e os desdobramentos judiciais que envolvem o ex-presidente.

A pergunta feita aos entrevistados foi: "Considerando o que foi revelado pelas investigações sobre a tentativa de golpe em 2022 e seus desdobramentos até o momento, na sua opinião, Jair Bolsonaro deveria ou não ser preso?"

As respostas foram:

  • Sim, deveria: 48% (eram 52% em abril)

  • Não deveria: 46% (eram 42%)

  • Não sabe opinar: 6% (mesmo índice em abril)

A redução no apoio à prisão de Bolsonaro indica uma leve oscilação no clima de opinião pública, em meio a um cenário de polarização política e disputas jurídicas em curso. Para analistas, o movimento pode estar relacionado à exposição dos desdobramentos processuais e ao desgaste de expectativas quanto à responsabilização judicial do ex-presidente.

Em outra pergunta, o Datafolha quis saber se os brasileiros acreditam que Bolsonaro será de fato preso.

As respostas foram:

  • Sim, vai ser preso: 40% (eram 41% em abril)

  • Não vai ser preso: 51% (eram 52%)

  • Não sabe: 8% (eram 7%)

Ou seja, a maioria da população (51%) ainda não acredita que Bolsonaro será condenado com pena de prisão, mesmo entre os que defendem a medida. Isso revela uma percepção de impunidade ou ceticismo diante do ritmo do processo judicial.

Atualmente, Bolsonaro está sujeito a medidas cautelares determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluindo o uso de tornozeleira eletrônica. O ex-presidente responde a processos ligados à tentativa de golpe de Estado, e ainda será julgado pela Corte.

A inclusão de Bolsonaro no inquérito ocorreu após investigações sobre as articulações para desacreditar o resultado das eleições de 2022. As ações incluem a convocação de militares, a produção de minutas golpistas e a incitação pública contra instituições democráticas.

Segundo a imprensa internacional, o presidente americano Donald Trump teria feito gestões informais em favor de Bolsonaro, tentando impedir ou atenuar possíveis punições ao aliado político.

Os números do Datafolha confirmam que o Brasil segue profundamente dividido sobre o destino judicial do ex-presidente. Mesmo com revelações graves feitas ao longo das investigações, não há consenso sobre a responsabilização penal de Bolsonaro.

Para cientistas políticos, o grau de apoio à prisão do ex-presidente tende a oscilar conforme novos elementos das investigações venham à tona ou diante de eventuais movimentações judiciais. Ainda assim, o dado de que mais da metade dos brasileiros acredita que ele não será preso revela uma descrença no sistema de Justiça ou a leitura de que o processo pode ser protelado ou politizado.

O julgamento de Bolsonaro ainda não tem data marcada no STF. A expectativa gira em torno das conclusões dos inquéritos que investigam os ataques de 8 de janeiro de 2023, a suposta tentativa de golpe militar e a articulação para deslegitimar o sistema eleitoral brasileiro.

Além disso, o ex-presidente já foi declarado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), após ser condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.

A defesa de Bolsonaro nega qualquer envolvimento em ações golpistas e afirma que o ex-presidente está sendo alvo de perseguição política. Até o momento, seus advogados ainda não se manifestaram sobre os resultados da pesquisa.

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