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CPMI DO INSS

Comissão aprova 400 quebras de sigilo em investigação sobre fraude bilionária na Previdência

Alvos incluem ex-presidente do INSS e empresários ligados ao esquema de descontos ilegais em aposentadorias

11 setembro 2025 - 16h45
CPMI do INSS aprova 400 quebras de sigilo em investigação sobre descontos ilegais em aposentadorias.
CPMI do INSS aprova 400 quebras de sigilo em investigação sobre descontos ilegais em aposentadorias. - (Foto: Wilton Junior/ Estadao)
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A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS aprovou nesta quinta-feira (11) cerca de 400 pedidos de informações e de quebras de sigilo bancário, fiscal e telemático de pessoas físicas, associações, entidades e empresas suspeitas de envolvimento no esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões.

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O colegiado, formado por 16 deputados federais e 16 senadores, investiga a cobrança de mensalidades associativas fraudulentas, descontadas diretamente dos benefícios previdenciários pagos a milhões de segurados do INSS.

Entre os alvos estão os empresários Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, Maurício Camisoti e o ex-presidente do INSS Alessandro Stefanutto. Todos já tiveram pedidos de prisão preventiva aprovados pela comissão na semana passada, ao lado de outros 18 investigados.

Esquema bilionário sob apuração

Segundo o presidente da CPMI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), o objetivo é rastrear o patrimônio dos envolvidos e identificar o caminho do dinheiro desviado.

“Queremos saber exatamente onde está todo este patrimônio, tudo o que foi roubado da Previdência”, afirmou Viana. “São requerimentos que pedem informações e a quebra de sigilos de todas as associações investigadas, todas as empresas que receberam recursos, todos os sócios e pessoas envolvidas direta ou indiretamente.”

A CPMI também requisitou informações à Polícia Federal (PF), à Controladoria-Geral da União (CGU) e ao próprio INSS, a partir dos indícios levantados pela Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano.

Depoimento de ex-ministro e ex-presidente do INSS

Após a aprovação dos requerimentos, os parlamentares ouviram o ex-ministro da Previdência Social e ex-presidente do INSS, Ahmed Mohamad Oliveira — nome que ele adotou recentemente por motivos religiosos.

Oliveira, que presidiu o INSS entre novembro de 2021 e março de 2022, antes de assumir o Ministério da Previdência no governo Jair Bolsonaro, disse que a autarquia não tem estrutura para fiscalizar os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) firmados com entidades públicas e privadas.

Segundo ele, apesar de ser servidor de carreira e ter ocupado cargos de comando, só teve conhecimento das irregularidades quando a PF e a CGU deflagraram a operação. “O INSS não tem condições de fiscalizar esses acordos”, afirmou.

Próximos passos

Com a aprovação das quebras de sigilo, a comissão espera avançar na identificação da rede de entidades e empresas de fachada utilizadas no esquema, que teria movimentado valores bilionários nos últimos anos. O material solicitado será analisado em conjunto com documentos já enviados pela Polícia Federal e pela CGU.

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