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COP30 EM BELÉM

COP30 enfrenta risco de esvaziamento por causa da alta dos preços de hospedagem em Belém

Presidente da conferência alerta que delegações de países pobres e até chefes de Estado podem deixar de comparecer ao evento por custos abusivos

6 agosto 2025 - 16h15
Presidente da COP30 alerta para risco de esvaziamento da conferência por causa dos preços abusivos de hospedagem em Belém.
Presidente da COP30 alerta para risco de esvaziamento da conferência por causa dos preços abusivos de hospedagem em Belém. - Antonio Cruz/Agência Brasil

Com a proximidade da COP30, que acontecerá em novembro deste ano em Belém (PA), os preparativos esbarram em um desafio preocupante: a explosão no preço das hospedagens. O alerta foi feito pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da conferência climática, durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (6) na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados.

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Segundo ele, o custo elevado de diárias em Belém ameaça afastar delegações, especialmente de países mais pobres e representantes da sociedade civil, e pode comprometer o caráter inclusivo da conferência. “Se os países dizem que não podem vir, aí você já está afetando a negociação”, afirmou.

Diárias até 15 vezes mais caras

De acordo com Corrêa do Lago, em eventos internacionais do porte da COP é comum que o preço das hospedagens dobre ou triplique. No entanto, em Belém, as cotações atuais chegaram a ser até 15 vezes superiores aos valores habituais. Essa inflação nos preços já causou, por exemplo, a desistência do presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, que será substituído pelo ministro do Clima e Proteção Ambiental, Norbert Totschnig.

Um país rico disse que não pode pagar os hotéis de Belém porque o Parlamento não autoriza. Para o presidente ir, teria que gastar uma fortuna. O ministro é mais barato”, contou o embaixador, apontando o caráter preocupante da situação.

Desigualdade de acesso

O problema é ainda mais sensível para os 73 países classificados como Menos Desenvolvidos (LDCs) e os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento (PEIDs), que contam com ajuda de custo da ONU no valor de US$ 149 por dia. Em contraste, as diárias médias em Belém giram em torno de US$ 700 por pessoa, o que torna inviável a estadia de parte importante dos participantes.

Apesar de haver um plano de acomodação com 2,5 mil quartos subsidiados por tarifas que variam entre US$ 100 e US$ 600, o embaixador reconhece que mesmo essas tarifas estão além da capacidade de muitos representantes.

Soluções em curso

O presidente da COP30 reforçou que não existe plano B e que o evento acontecerá em Belém, destacando o simbolismo de sediar a conferência em uma capital amazônica. “Não há plano B, o plano B é B de Belém”, afirmou.

Corrêa do Lago informou que o governo do Pará e a Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop) trabalham junto com órgãos de defesa do consumidor para enfrentar o problema. Segundo ele, a legislação brasileira permite aos hotéis fixarem preços livremente, o que dificulta uma intervenção mais direta.

Além disso, o governo federal prepara soluções emergenciais, como:

  • Uso de navios de cruzeiro como hotéis flutuantes, com cerca de 6 mil leitos disponíveis;

  • Construção de três novos hotéis de alto padrão em Belém, com investimento de redes internacionais;

  • Parcerias com plataformas como Airbnb e Booking, para aumentar o número de imóveis disponíveis na cidade.

Turismo promete acomodação justa

Durante visita recente a Belém, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que o diálogo com o setor hoteleiro tem surtido efeito. Segundo ele, todas as delegações terão hospedagem a preços compatíveis. “Visitei hotéis aqui, hoje, que estão sendo entregues com diárias de R$ 2 mil ou R$ 3 mil”, disse.

O governo também negocia subsídios diretos para garantir o acesso das delegações mais vulneráveis, com tarifas diferenciadas e auxílio logístico.

COP30 deve reunir 45 mil pessoas

A expectativa é de que a COP30 reúna cerca de 45 mil pessoas, entre líderes políticos, ambientalistas, acadêmicos e representantes da sociedade civil. Belém, que normalmente dispõe de 18 mil leitos, ainda está se adaptando para receber a demanda. O objetivo da organização é garantir que o evento mantenha sua proposta de inclusão, diversidade e participação global.

O embaixador Corrêa do Lago finalizou com um recado otimista: “A gente está lutando, mas a gente vai conseguir que todos participem”.

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