
O governo brasileiro confirmou que os Estados Unidos não participarão da Cúpula de Líderes da COP-30, que será realizada nos dias 6 e 7 de novembro, em Belém (PA). Nem o ex-presidente Donald Trump — que tenta retornar ao cargo em 2024 — nem qualquer representante político do país marcarão presença na reunião que antecede a conferência oficial do clima.
Segundo fontes do Palácio do Planalto, a ausência já era considerada provável. A avaliação interna é de que a participação americana poderia gerar embates ideológicos, diante do histórico negacionista de Trump sobre a crise climática. “O governo americano não estará na Cúpula de Líderes”, resumiu um integrante da equipe presidencial.
Outro país que também não enviará representantes de alto escalão é a Argentina. No total, a expectativa do Itamaraty é reunir 57 chefes de Estado ou de governo nos dois dias de encontro — número considerado expressivo pela diplomacia brasileira, mesmo com algumas ausências de peso.
A Cúpula de Líderes será aberta oficialmente na quarta-feira (6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que também participa de reuniões bilaterais no dia anterior. O encontro busca fortalecer o posicionamento do Brasil na agenda climática global, reunindo líderes comprometidos com temas como preservação ambiental, transição energética e combate à fome.
Durante o evento, Lula deve lançar o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF) e articular o apoio a uma proposta que visa quadruplicar a produção e o consumo global de biocombustíveis.
A programação prevê ainda três sessões temáticas: uma sobre florestas e oceanos, outra sobre transição energética e uma terceira para discutir os 10 anos do Acordo de Paris, com foco nas metas nacionais de emissão (NDCs) e no financiamento climático.
Apesar de estarem fora da reunião de líderes, os Estados Unidos seguem como membros da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e devem enviar uma delegação de nível técnico para acompanhar a COP-30, que começa oficialmente em 10 de novembro e segue até o dia 21.
A tendência, segundo o Planalto, é que essa representação seja feita por integrantes da embaixada americana no Brasil ou por funcionários de escalão inferior, sem protagonismo nas negociações centrais.
Até esta sexta-feira (31), o Itamaraty não havia detalhado os nomes dos líderes mundiais confirmados. A opção foi divulgar apenas o número estimado de participantes. Além dos chefes de Estado, ao menos 39 países devem enviar ministros, vices ou outras autoridades.
A maior parte das delegações virá da América Latina, da África e da Europa. A chancelaria brasileira afirma que o objetivo do encontro é preparar um ambiente político favorável para os negociadores da COP, que já começarão a se reunir antes da abertura oficial da conferência.
Ministra Marina Silva vê oportunidade de avanço nas metas climáticas
A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, acredita que a Cúpula de Líderes pode dar o tom da conferência. “O que a gente espera é que a Cúpula possa dar o termo de referência para os negociadores”, afirmou. A expectativa é que os discursos dos presidentes influenciem diretamente nas tratativas técnicas que ocorrerão ao longo da COP-30.
Entre os temas prioritários, estão o financiamento climático e a substituição gradual dos combustíveis fósseis — proposta já mencionada durante a COP-28 em Dubai e que Marina deseja manter em destaque nesta edição.

