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ANTI-BOLSONARO

Com máscaras de proteção, manifestantes pedem democracia em ato contra Bolsonaro na Capital

Atos contrários ao governo também marcaram presença em Campo Grande, com manifestantes pedindo democracia e fim do autoritarismo

7 setembro 2021 - 18h10Geliel Oliveira e Victória de Oliveira
Manifestantes em ato contra o atual presidente da República, Jair Bolsonaro
Manifestantes em ato contra o atual presidente da República, Jair Bolsonaro - (Foto: Geliel Oliveira)
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Campo Grande foi marcada por manifestações neste Dia da Independência (7). Enquanto a manhã foi tomada por atos favoráveis ao atual presidente da República, Jair Bolsonaro, a tarde deu espaço aos protestos contrários ao governo, iniciados às 15h, na Praça Ary Coelho, com o “Grito dos Excluídos”.

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O movimento é uma forma de luta a favor da democracia, é o que explica a coordenadora do Sindicato dos Técnicos Administrativos em Educação da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (Sista/UFMS), Cléo Gomes. “A gente está lutando, principalmente hoje, em defesa da democracia, contra a ameaça de golpe que está formada contra o estado brasileiro e contra o desmonte do estado”, relata.

Em discurso, o deputado estadual eleito pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Pedro Kemp, pediu a continuidade da democracia no país. “Em defesa da democracia no nosso país, nós reagimos ao autoritarismo e a toda tentativa de golpe. Nós queremos um Brasil mais justo, um Brasil solidário e um Brasil que respeite os direitos de cidadania”, discursou.

O deputado estadual, Pedro Kemp, pede continuidade da democracia - (Foto: Geliel Oliveira)

“A gente está aqui por um ato democrático. Não queremos briga com ninguém, só queremos realmente lançar o nosso grito em defesa da população, dos mais vulneráveis e do nosso país”, reforça Cléo Gomes.

O Grito dos Excluídos é uma manifestação que ocorre todo dia 7 de Setembro desde 1994, com sua 27ª edição em 2021. O vereador de Aquidauana e presidente do Sindicato Municipal dos Trabalhadores em Educação (Simted) do município, Francisco Tavares, completa que a manifestação é uma forma de luta dos trabalhadores.

“Por coincidência hoje teve o grande ato antidemocrático principalmente voltado a questões antidemocráticas. O nosso ato ia acontecer de qualquer jeito, seja no desfile, como sempre tem acontecido, ou num momento desse. É lógico que todo mundo tem o direito de ir para as ruas manifestar. Nossa pauta é legítima, é aquilo que acreditamos e que atinge diretamente a classe trabalhadora”, esclarece.

Manifestantes fazem uso de máscara em protesto anti-Bolsonaro - (Foto: Geliel Oliveira)

A coordenadora do Sista/MS conta, também, que os servidores públicos sofrerão consequências com a reforma administrativa proposta pelo Governo Federal. “Nós servidores temos uma outra preocupação também, que é a reforma administrativa, a PEC 32, que na verdade não é uma reforma, é o desmonte dos serviços públicos, principalmente saúde e educação. Essa PEC, por mais que tenha tido algumas alterações em seu texto, permite parceria com empresas privadas, e a população vai começar a pagar por coisas simples, como saúde e educação, direitos constitucionais. Então ela ataca a nossa Constituição, os nossos direitos sociais”.

O Simted representa os professores e demais trabalhadores da educação, uma das áreas mais afetadas pelos cortes orçamentários do governo Bolsonaro, com R$ 2,7 bilhões bloqueados e R$ 2,2 bilhões vetados pelo presidente. “São eles [profissionais da educação] que estão diariamente no atendimento à população. Se passar a PEC 32, todo esse serviço público terá sua qualidade afetada. Então por isso nós somos a resistência contra essas mudanças que o governo quer fazer. Mexer no andar de baixo é muito fácil, quero ver mexer no de cima”, declara o presidente.

“Uma maioria esmagadora da população brasileira não aceita golpe militar. Continuamos na democracia, estado direito democrático, eleições diretas e voto secreto. Por isso estamos na rua”, complementou o presidente da Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul (Fetems), Jaime Teixeira. A Federação luta pela igualdade salarial e pelo fim do desemprego, que bateu recorde entre janeiro a março de 2021, de modo chegar a 14,7%, e manteve-se em 14,1% no segundo trimestre, segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Um dos pontos que também foi abordado pelo protesto é o Marco Temporal, no qual apenas povos indígenas, que defende que povos indígenas só podem reivindicar terras onde já estavam no dia 5 de outubro de 1988. O Supremo Tribunal Federal (STF) deu início em 27 de agosto ao julgamento desta ação, que coloca ruralistas e povos originários em lados opostos.

Protestantes indígenas pedem saída de Bolsonaro - (Foto: Geliel Oliveira)

“Nós estamos aqui reivindicando por um direito que é constituinte sobre as nossas terras indígenas, que ainda não foram demarcadas. Amanhã será um dia muito histórico para nós, por causa da votação do marco temporal no STF. Ele decidirá o futuro da nossa população indígena brasileira”, afirma Brian Soares, manifestante indígena. Ele afirma estar confiante com a decisão que será tomada, embora apreensivo com a votação. “Nossos patrícios estão em Brasília. Nós nos sentimos muito bem representados por eles”, enfatiza.

O presidente Jair Bolsonaro é favorável ao questionamento. A decisão pode definir o rumo de mais de 300 processos de demarcação de terras indígenas que estão em aberto no país.

O estimado pela Guarda Municipal (GCM) é de que cerca de 1000 pessoas marcaram presença na manifestação anti-Bolsonaro. O ato teve início na Praça Ary coelho e seguiu com uma passeata pela rua 14 de Julho, com retorno ao ponto de partida.

Manifestantes em fila durante passeata - (Vídeo: Divulgação/GCM)

Biossegurança - Os atos favoráveis ao presidente foram marcados pelo não uso de máscara e adereços de proteção, como já noticiado anteriormente pelo portal A Crítica, enquanto a manifestação contrária ao governo teve distribuição de cerca de mil máscaras do tipo PFF2 aos presentes, além da disponibilidade álcool 70 e em gel a quem se interessasse.

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