A disputa entre Ciro Gomes (PDT) e a prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT), ganhou um novo capítulo. A Advocacia do Senado Federal protocolou, na quinta-feira (4), um pedido de prisão preventiva contra o ex-ministro, acusado de violência política de gênero.
O caso é analisado dentro de uma ação penal eleitoral movida pelo Ministério Público Eleitoral. O pedido foi motivado pela reincidência de declarações ofensivas de Ciro contra Janaína, que assumiu o Senado em 2023 como suplente do atual ministro da Educação, Camilo Santana (PT).
Quando Janaína tomou posse no Senado, Ciro a chamou de “assessora para assuntos de cama” e “cortesã”. Pelas falas, foi condenado em maio deste ano pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) a pagar R$ 52 mil em indenização.
Apesar da condenação, o pedetista voltou a mencionar a prefeita em entrevistas. Em agosto, disse que Janaína “recrutava moças pobres e de boa aparência para fazer o serviço sexual sujo do senhor Camilo Santana”.
A Advocacia do Senado argumenta que as declarações recentes colocam em risco a integridade da prefeita e demonstram reincidência. O órgão também aponta a influência política de Ciro como fator de preocupação.
Caso a prisão não seja decretada, o pedido inclui medidas alternativas, como a proibição de contato, restrição de manifestações públicas ofensivas e afastamento mínimo de 500 metros de Janaína.
Reação da prefeita - Durante o Congresso Estadual do PT, no sábado (6), Janaína disse que as novas falas ultrapassaram o limite.
“Esse segundo ataque dele foi destemperado, mas é o jeito dele de ser mesmo. Covardemente, porque ele queria atacar uma pessoa, não ataca, mas ataca a mim”, declarou.
Ela afirmou ainda que a situação prejudica sua imagem como prefeita de Crateús. “Agora que estou prefeita, o que ele fez acaba prejudicando e induzindo o cidadão de Crateús a achar que faço algo de errado”, completou.
Defesa de Ciro Gomes - O advogado Walber Agra, que representa Ciro, afirmou que o pedido de prisão é uma tentativa de criminalizar a atuação política do ex-ministro.
“Essa medida visa criminalizar um discurso que é nitidamente político e constranger o ex-ministro, além de impedir seu direito de expressão dentro das linhas constitucionais”, disse.
A defesa também nega que as declarações caracterizem violência política de gênero. Segundo Agra, Ciro apenas criticou “critérios não republicanos” adotados na escolha de cargos no Ceará.
