
A tensão entre China e Japão subiu de tom nesta quinta-feira (13), após o governo chinês exigir que a primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, retire declarações feitas sobre Taiwan sob pena de arcar com "todas as consequências". A reação veio após Sanae afirmar, na semana passada, que um ataque chinês à ilha poderia representar uma ameaça à sobrevivência do Japão e que isso poderia desencadear uma resposta militar de Tóquio.
O posicionamento foi considerado “provocativo” pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, que usou as redes sociais para criticar duramente a postura da líder japonesa. “A China se opõe firmemente e não tolerará de forma alguma tais declarações”, escreveu Jian, em publicação na plataforma X (antigo Twitter).
Fala sobre Taiwan agrava impasse diplomático - Segundo Lin Jian, a fala da primeira-ministra japonesa viola gravemente o princípio de ‘uma só China’, que considera Taiwan parte do território chinês. Além disso, desrespeitaria os documentos políticos que regem as relações bilaterais entre China e Japão, firmados ao longo das últimas décadas.
“A China exige que a parte japonesa reconheça o erro, retire imediatamente as declarações e pare de interferir nos assuntos internos chineses”, afirmou o porta-voz. Ele ainda mandou um recado contundente: “Quem brinca com fogo acaba se queimando.”
Taiwan, uma ilha autônoma e democraticamente governada, é reivindicada por Pequim como parte do território chinês. Embora a ilha possua governo próprio e mantenha relações econômicas e diplomáticas com várias nações, não é reconhecida como Estado independente pela ONU — e a China pressiona países e organizações a não tratarem Taiwan como soberano.
A fala de Sanae Takaichi representa uma mudança significativa na postura diplomática do Japão, que historicamente evita confrontos diretos com Pequim em relação à questão de Taiwan. Ao considerar um possível ataque como uma ameaça direta à segurança japonesa, Tóquio indica disposição para se posicionar mais firmemente em assuntos de defesa regional.
China promete resposta se houver intervenção - A resposta de Pequim não ficou apenas no campo diplomático. Lin Jian afirmou que qualquer tentativa do Japão de interferir nas decisões chinesas sobre Taiwan será tratada como afronta grave, com possível resposta militar.
“Taiwan pertence à China. Como resolver essa questão e realizar a reunificação nacional é decisão do povo chinês, e não admite interferência externa”, disse.
A tensão envolvendo Taiwan cresce à medida que a ilha se torna estrategicamente central para a indústria global de tecnologia, especialmente na produção de chips semicondutores. O arquipélago abriga algumas das maiores fabricantes do setor, o que desperta interesses comerciais e geopolíticos entre as maiores potências do planeta.
A China tem reforçado seu discurso sobre unificação nos últimos anos, e exercícios militares em torno da ilha se tornaram mais frequentes, especialmente após visitas de autoridades ocidentais a Taipei. O Japão, por sua vez, mantém laços econômicos profundos com Taiwan e observa com cautela qualquer movimento de militarização na região.

