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17 de novembro de 2025 - 21h22
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POLÍTICA

Celso Sabino desafia União Brasil e garante permanência no ministério de Lula

Ministro do Turismo afirma ter consciência tranquila, ignora pressão da legenda e aposta na COP30 para fortalecer seu nome no Pará

17 novembro 2025 - 20h15Verônica Daminelli
Celso Sabino diz que processo de expulsão não faria sentido a um ano da eleição.
Celso Sabino diz que processo de expulsão não faria sentido a um ano da eleição. - (Foto: Wilton Junior/Estadão)

Em meio a um conflito aberto com a cúpula do União Brasil, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou nesta segunda-feira (17) que permanecerá no governo Lula, mesmo sob risco de expulsão de seu partido. "Não devo nada para ninguém", declarou o ministro, que foi suspenso da Executiva Nacional por se recusar a deixar o cargo após a sigla romper oficialmente com o Palácio do Planalto.

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A declaração foi feita durante participação no programa "Bom dia, Ministro", onde Sabino reforçou seu compromisso com a gestão federal e especialmente com a COP30, que será realizada em Belém (PA) em 2025. “Estou com a consciência tranquila, limpa. Estou trabalhando pelo Brasil, pelo Pará e pela COP30, que não é uma simples reunião de condomínio”, disse, em tom de crítica à tentativa do partido de forçá-lo a deixar o ministério.

A crise começou a ganhar corpo no último dia 18 de setembro, quando a federação União Progressista — que reúne União Brasil e PP — determinou que seus filiados entregassem os cargos no governo federal. A determinação veio após declarações públicas do presidente Lula, que afirmou que o presidente do União Brasil, Antonio Rueda, “não gosta dele nem do governo”. Desde então, Sabino se manteve firme em sua decisão de permanecer no ministério.

Além de ser afastado da direção do partido no Pará, o ministro passou a ser alvo de críticas diretas de nomes influentes da legenda. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi um dos mais incisivos, chegando a acusar Sabino de "traição". O ministro rebateu com ironia, minimizando a fala do governador e alfinetando seu desempenho nas pesquisas eleitorais. “Só vou considerá-lo adversário quando ele atingir 1,5% nas pesquisas”, disse.

Pré-candidato ao Senado pelo Pará, Sabino tem usado a visibilidade do ministério e o protagonismo na organização da COP30 para projetar sua imagem política no estado. Segundo ele, sair do governo neste momento seria abandonar um trabalho fundamental para o país. “Nenhum partido vai me afastar do povo. O presidente Lula pode contar comigo onde eu estiver”, declarou em agendas recentes.

Sabino também rebateu críticas à organização da COP30, especialmente sobre o aumento nos preços das hospedagens em Belém, afirmando que o próprio mercado já corrigiu os problemas. Para ele, há setores interessados em politizar dificuldades pontuais. “Isso é síndrome de vira-lata: achar que tudo o que funciona bem precisa estar lá fora”, afirmou. A conferência já tem mais de 60 mil inscritos, segundo o ministério.

Atualmente, Sabino vive um paradoxo político. De um lado, mantém prestígio com o presidente Lula e acaba de assumir a presidência do Conselho Executivo da ONU Turismo, fortalecendo seu espaço institucional. De outro, enfrenta um processo disciplinar no União Brasil que pode culminar em sua expulsão em até 60 dias.

A avaliação do próprio ministro é de que, a menos de um ano da corrida eleitoral de 2026, o processo disciplinar não teria sentido prático. Ainda assim, o desconforto interno é crescente, e sua permanência no partido se tornou insustentável para parte da direção nacional.

Mesmo assim, Sabino aposta que sua atuação à frente da pasta do Turismo e o simbolismo da COP30, que coloca o Pará no centro das atenções internacionais, serão fatores decisivos para sua sobrevivência política — com ou sem o aval do União Brasil.

“Não devo nada para ninguém”, repetiu mais de uma vez, num recado direto à legenda da qual ainda faz parte, mas onde encontra cada vez menos apoio.

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