
A ministra Cármen Lúcia, única mulher atualmente no Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu a ampliação da presença feminina na Corte e em espaços de poder no país. A declaração foi dada nesta quinta-feira (16), durante evento promovido pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), em meio às discussões sobre a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do STF.

“A presença feminina deve estar em todos os espaços, não apenas de poder, mas de participação, de atuação, no sentido de termos uma sociedade verdadeiramente representada”, afirmou a ministra em entrevista à Folha de S.Paulo.
Cármen destacou que as mulheres são maioria da população e do eleitorado brasileiro, mas seguem sub-representadas nos cargos de liderança.
“Nós somos 52% da população brasileira, quase 53% do eleitorado. Então é importante que em todos os lugares haja mulheres. Temos mulheres muito competentes no Direito: grandes juízas, procuradoras, advogadas públicas e muitas grandes professoras, inclusive aqui na USP”, pontuou.
Sucessão no Supremo - As declarações da ministra estão alinhadas a movimentos no Judiciário e na sociedade civil que defendem a indicação de uma mulher para ocupar a vaga que será aberta com a saída de Barroso, prevista para o fim de 2025. O próprio ministro já declarou que veria “com gosto” a possibilidade de uma mulher como sua sucessora.
Esta será a terceira indicação ao STF que caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu atual mandato. Até o momento, o petista já nomeou Flávio Dino e Cristiano Zanin. Em toda sua trajetória na Presidência, Lula indicou dez ministros à Suprema Corte — entre eles, apenas uma mulher: Cármen Lúcia, nomeada em 2006.
Representatividade histórica - Desde sua criação, há 134 anos, o Supremo Tribunal Federal teve 170 ministros nomeados, dos quais apenas três mulheres: Ellen Gracie, Rosa Weber e Cármen Lúcia — nenhuma delas negra.
O debate sobre representatividade de gênero e racial no Judiciário tem ganhado força nos últimos anos, com entidades e movimentos defendendo diversidade na composição da Corte como forma de tornar a Justiça mais plural e próxima da sociedade.
