
O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) confirmou nesta sexta-feira (19) que manteve a decisão de renunciar ao mandato para disputar uma vaga no Senado Federal por Santa Catarina nas eleições de 2026. O anúncio foi feito em publicação na rede social X.
Carlos poderia concorrer ao Senado pelo Rio de Janeiro, onde exerceu mandato de vereador por 24 anos, sem disputar espaço direto com o irmão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). No entanto, optou por manter o plano de se lançar por Santa Catarina, mesmo após Flávio anunciar candidatura à Presidência da República.
Segundo Carlos, a decisão do irmão de entrar na disputa presidencial, seguindo orientação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não alterou sua escolha de se estabelecer em São José, na região metropolitana de Florianópolis.
Em sua manifestação, o vereador afirmou que abriu mão de uma “vida estável e confortável” e da “certeza de reeleição” no Rio para apostar em um projeto político mais amplo. “Renunciei ao mandato para tentar um projeto de Brasil forte e um Senado combativo”, escreveu.
Carlos Bolsonaro também afirmou que poderia ter aguardado o prazo legal de desincompatibilização, mas preferiu deixar o cargo de imediato. Segundo ele, a decisão está ligada à sua relação pessoal com o estado catarinense.
“Poderia apenas aguardar o prazo legal de desincompatibilização, mas isso não iria ao encontro da verdade: Santa Catarina sempre foi a minha casa e aqui me sinto em paz, me sinto bem, seguro e cercado por bons amigos”, afirmou.
Ele rebateu ainda interpretações de que a mudança teria motivação exclusivamente eleitoral. “Muitos interpretam como ambição política, mas a decisão é pessoal. Aqui vivi e vivo grandes momentos da minha vida e é somente isso que quero voltar a fazer”, escreveu.
Estratégia do bolsonarismo - A candidatura de Carlos ao Senado por Santa Catarina faz parte da estratégia eleitoral do ex-presidente Jair Bolsonaro. O estado é considerado um dos principais redutos eleitorais do bolsonarismo, onde Bolsonaro venceu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas últimas eleições presidenciais e mantém aliados no comando do Executivo estadual.
No segundo turno de 2022, Bolsonaro obteve 69,27% dos votos válidos em Santa Catarina, contra 30,73% de Lula. A avaliação do grupo é que esse desempenho pode favorecer a eleição de Carlos ao Senado.
A estratégia, porém, provocou divisões dentro da direita catarinense. O governador Jorginho Mello (PL) articula uma chapa ao Senado com a deputada federal Caroline de Toni (PL-SC) e o senador Espiridião Amin (PP). Jorginho já sinalizou apoio a Amin para uma das vagas.
Diante da imposição do ex-presidente Jair Bolsonaro, Caroline de Toni chegou a ceder espaço, mas agora avalia manter sua candidatura ao Senado, possivelmente por outra sigla. Conforme antecipado pela Coluna do Estadão, ela recebeu convite do partido Novo.
Flávio Bolsonaro na disputa presidencial - No início do mês, Flávio Bolsonaro anunciou que será o candidato do grupo à Presidência da República em 2026, decisão que, segundo ele, foi confirmada por seu pai. O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou estar ciente da articulação.
O nome de Flávio, no entanto, não é consenso no campo da direita. Em entrevista ao portal Metrópoles, o pastor Silas Malafaia criticou a escolha e defendeu uma chapa liderada pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro como vice.
Pesquisas de intenção de voto indicam que Flávio Bolsonaro lidera entre os possíveis candidatos da direita no primeiro turno. Em simulações de segundo turno, porém, ele aparece cerca de dez pontos percentuais atrás de Lula, diferença semelhante à observada nos cenários com Tarcísio de Freitas e o governador do Paraná, Ratinho Jr. (PSD).
O levantamento também aponta que Flávio tem índice de rejeição de 60%, o mesmo registrado por Jair Bolsonaro e superior ao de Tarcísio de Freitas, que aparece com 47%.

