3287.59_BANNER TALK AGOSTO [1260x300]
PRISÃO DO BOLSONARO

Carlos Bolsonaro passa mal após decisão de Moraes que determina prisão domiciliar de Jair Bolsonaro

Vereador foi atendido em hospital na Barra da Tijuca após saber da medida do STF; postagem dele nas redes foi citada como evidência de descumprimento de ordem judicial

5 agosto 2025 - 06h37Brasília
Jair Bolsonaro ficará em prisão domiciliar por ordem do ministro Alexandre de Moraes
Jair Bolsonaro ficará em prisão domiciliar por ordem do ministro Alexandre de Moraes - (Foto: Wilton Júnior/Estadão)
Terça da Carne

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL) foi atendido em um hospital na Barra da Tijuca, zona oeste da capital fluminense, na noite desta segunda-feira (4), após passar mal ao ser informado da decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do parlamentar.

Canal WhatsApp

A internação ocorreu horas depois da publicação da decisão de Moraes, que acusa o ex-presidente de violar medidas cautelares ao participar, ainda que remotamente, de manifestações organizadas por seus apoiadores no último domingo (3). Bolsonaro discursou via celular durante um ato na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, enquanto falava com manifestantes reunidos em São Paulo, em evento exibido pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Além disso, uma postagem feita por Carlos Bolsonaro na rede social X (antigo Twitter), em que compartilha uma imagem do pai falando por telefone para os manifestantes, foi citada diretamente na decisão judicial como evidência da quebra das restrições impostas anteriormente pelo STF.

O ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações que envolvem Jair Bolsonaro no inquérito sobre tentativa de golpe e ataques às instituições democráticas, apontou que a participação do ex-presidente nas manifestações violou diretamente a proibição de uso das redes sociais.

Segundo Moraes, a restrição se estende não apenas à publicação direta por Bolsonaro, mas também por meio de terceiros. O discurso transmitido por meio do celular do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), somado à exposição feita por Nikolas Ferreira e à postagem de Carlos Bolsonaro, teria configurado uma ação orquestrada para driblar a decisão judicial e manter o ex-presidente como figura ativa nas redes e nas mobilizações políticas.

Na decisão, Moraes afirmou: “Mesmo ciente da proibição imposta pelo STF, Jair Messias Bolsonaro se utilizou de familiares e aliados para burlar a medida, mantendo-se como voz presente e atuante nos atos que afrontam o Estado Democrático de Direito e as instituições republicanas.”

Após o mal-estar, Carlos Bolsonaro foi levado a uma unidade hospitalar da Barra da Tijuca, onde recebeu atendimento e, segundo sua assessoria, teve o quadro estabilizado. Ainda não há detalhes sobre a causa exata do mal-estar ou se houve necessidade de internação prolongada.

O vereador, que é conhecido por sua atuação nas redes sociais e pela proximidade com o pai nas estratégias de comunicação digital, tem se mantido ativo em defesa do ex-presidente. Com frequência, compartilha conteúdos que criticam o Supremo Tribunal Federal e o governo Lula.

A decisão de Moraes gerou nova onda de críticas entre parlamentares da base bolsonarista. Aliados do ex-presidente classificaram a medida como arbitrária e politicamente motivada, prometendo acionar instâncias internacionais e denunciar o que consideram perseguição judicial.

Paralelamente, movimentos bolsonaristas iniciaram convocação para novos atos públicos, em apoio a Bolsonaro e contra decisões do Supremo. Nas redes sociais, hashtags como #BolsonaroInjustiçado e #STFditadura voltaram aos trending topics.

A decisão que determinou a prisão domiciliar ainda será analisada pelo plenário do Supremo, embora, na prática, medidas liminares do ministro Moraes costumem ser ratificadas por seus pares. A defesa de Jair Bolsonaro deve entrar com pedido de reconsideração, alegando que o ex-presidente apenas exerceu seu direito de expressão ao se comunicar com apoiadores.

A Procuradoria-Geral da República foi notificada e deverá se manifestar nas próximas horas. A expectativa é de que o caso acelere outras frentes do inquérito das fake news e do chamado “gabinete do ódio”, estruturas que, segundo as investigações, operavam sob coordenação direta do núcleo próximo ao ex-presidente.

A prisão domiciliar de um ex-presidente da República, somada à participação direta de seus filhos e aliados, reacende o debate sobre os limites entre liberdade de expressão, articulação política e a obediência a decisões judiciais.

Enquanto a base bolsonarista denuncia um suposto cerceamento de direitos, especialistas apontam que a reincidência nas violações judiciais pode agravar a situação de Bolsonaro no STF e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde ele já está inelegível até 2030.

Carlos Bolsonaro, por sua vez, tem seu nome citado em investigações que apuram a existência de uma estrutura paralela de comunicação digital responsável por disseminação de notícias falsas e ataques a adversários políticos durante o governo do pai.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop