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INVESTIGAÇÃO FEDERAL

Carlos Bolsonaro ironiza indiciamento no caso Abin e cita eleições de 2026

Vereador critica PF após ser acusado de envolvimento em esquema de espionagem; inquérito atinge também Jair Bolsonaro e Ramagem

17 junho 2025 - 15h05Maria Magnabosco
Carlos Bolsonaro, vereador do Rio há 24 anos
Carlos Bolsonaro, vereador do Rio há 24 anos - Foto: Eduardo Barreto/CMRJ

Concluído na manhã desta terça-feira (17), o inquérito da Polícia Federal sobre o uso irregular da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) resultou no indiciamento de mais de 30 pessoas. Entre elas, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), que se pronunciou nas redes sociais com tom de provocação.

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“Alguém tinha alguma dúvida que a PF do Lula faria isso comigo?”, escreveu Carlos no X (antigo Twitter), insinuando motivação política por trás da ação. Em outro trecho, ironizou: “Justificativa? Creio que os senhores já sabem: eleições em 2026? Acho que não! É só coincidência!”.

A investigação, conhecida como "Abin paralela", aponta que a agência foi utilizada para fins de espionagem política, com estrutura e recursos desviados para atender interesses pessoais do entorno de Bolsonaro. A atuação teria ocorrido entre 2019 e 2023, com uso do software israelense FirstMile, capaz de rastrear celulares, supostamente empregado 60 mil vezes nesse período.

Parte do material produzido, segundo a PF, teria sido destinado ao chamado “gabinete do ódio” — núcleo de comunicação informal comandado por Carlos Bolsonaro, que operava com foco na difamação de adversários e disseminação de fake news. O grupo foi revelado pelo jornal Estadão em 2019.

Ramagem, Corrêa e Moretti também são alvos - Além de Carlos e Jair Bolsonaro, a investigação também alcança figuras centrais da atual gestão da Abin. Foram indiciados o diretor-geral da agência, Luiz Fernando Corrêa, e o seu adjunto, Alessandro Moretti. Segundo o relatório, houve “conluio” entre o atual comando da instituição e os gestores anteriores para dificultar que os rastreamentos ilegais fossem revelados.

Corrêa é delegado da Polícia Federal e foi indicado para o cargo pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No segundo governo do petista, também chefiou a PF, entre 2007 e 2011.

A apuração sobre a “Abin paralela” ganhou força com a deflagração da Operação Última Milha, em outubro de 2023. A ação investigava o uso do software espião e revelou o pico de atividade em 2020, ano de eleições municipais. Em janeiro de 2024, uma nova etapa foi aberta: a Operação Vigilância Aproximada, que mirou endereços ligados a Alexandre Ramagem.

Hoje deputado federal, Ramagem ocupou o cargo de diretor-geral da Abin durante a maior parte do governo Bolsonaro. Ele e o ex-presidente já são réus no Supremo Tribunal Federal (STF) pela tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Próximos passos: PGR decide se apresenta denúncia - O relatório da PF será enviado ao STF, que repassará o material à Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão terá 15 dias para decidir se denuncia os indiciados, pede novas diligências ou arquiva o caso. Se a denúncia for aceita, os envolvidos se tornam réus em ação penal.

Mesmo indiciado, Carlos Bolsonaro mantém planos eleitorais. Ele deve ser lançado como candidato ao Senado por Santa Catarina, estado onde Jair Bolsonaro teve expressiva votação em 2022 e que atualmente é governado por um aliado do ex-presidente.

Segundo a PF, entre os monitorados de forma ilegal, estão os ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-governador de São Paulo João Doria, e os deputados federais Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Maia (União Brasil-RJ), ex-presidentes da Câmara.

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