3287.59_BANNER TALK AGOSTO [1260x300]
JUSTIÇA

Defesa de Zambelli diz que deputada aceitaria cumprir pena no Brasil, mas critica STF

Advogado afirma que condenação de 10 anos por envolvimento em ataque hacker é 'exorbitante e ideológica'

15 agosto 2025 - 16h45Fellipe Gualberto
Deputada Carla Zambelli enfrenta dois processos no STF e está presa na Itália enquanto aguarda decisão sobre extradição
Deputada Carla Zambelli enfrenta dois processos no STF e está presa na Itália enquanto aguarda decisão sobre extradição - (Foto: Wilton Júnior/Estadão)

O advogado Fábio Pagnozzi, representante da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), declarou que a parlamentar estaria disposta a cumprir pena no Brasil, mas se recusa a fazê-lo sob as atuais condições políticas e judiciais. A declaração foi dada em entrevista à GloboNews nesta sexta-feira (15), dois dias após uma audiência de extradição da deputada, realizada em Roma, na Itália.

Canal WhatsApp

Segundo Pagnozzi, a decisão de Zambelli de deixar o país foi motivada pela condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou 10 anos de prisão e a perda de seu mandato. A parlamentar foi considerada a mentora intelectual do ataque hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), no qual foi inserido um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes.

"Ela (Carla Zambelli) não se opõe a cumprir pena no Brasil. O que a Carla sempre disse é que ela quer estar em um país no qual ela pode ser julgada por pessoas imparciais", afirmou o advogado. "Ela foge, hoje, realmente das penas exorbitantes e penas ideológicas do Supremo."

Fuga, prisão e possível extradição

Zambelli deixou o Brasil após sua condenação, utilizando sua cidadania italiana para se abrigar na Itália, onde permaneceu por cerca de dois meses. Ela acabou sendo detida após uma denúncia feita por um deputado italiano e, desde então, está reclusa na prisão feminina Germana Stefanini, em Roma.

Um processo de extradição está em andamento na Justiça italiana, e, segundo levantamento feito pelo jornal Estadão, esse trâmite pode durar até dois anos. Enquanto isso, a defesa de Zambelli tenta transferi-la para prisão domiciliar, alegando problemas de saúde e condições médicas que não poderiam ser tratadas adequadamente no sistema penitenciário.

Condições médicas e greve de fome

Pagnozzi também afirmou que a deputada está em greve de fome e passou mal durante a audiência de extradição realizada na última quarta-feira (13). De acordo com ele, Zambelli caiu e bateu a cabeça ao caminhar até a sessão.

Além disso, o advogado revelou que a parlamentar tem histórico médico delicado, incluindo duas tentativas de suicídio, um episódio de internação durante a campanha eleitoral de 2022 — após o caso em que perseguiu um jornalista com arma em punho —, e problemas cardíacos. Zambelli também já teria passado por uma cirurgia para retirada de tumor cerebral.

“Os laudos médicos serão entregues no próximo dia 18 ao juiz responsável pelo caso”, disse Pagnozzi. A expectativa é de que, no dia 27 de agosto, a Justiça italiana decida se a deputada aguardará o processo de extradição em casa, em regime semiaberto ou continuará presa.

Nova condenação a caminho

Além da pena já aplicada pelo STF, Zambelli pode receber outra sentença em breve. Ela é ré por ter perseguido, armada, o jornalista Luan Araújo nas vésperas do segundo turno da eleição de 2022. O Supremo já formou maioria para condená-la nesse segundo processo. Até o momento, apenas o ministro Kassio Nunes Marques votou contra.

Se confirmada, essa nova condenação poderá ampliar sua pena total para 15 anos de prisão. O caso reacende os debates sobre os limites da imunidade parlamentar e o papel do Judiciário na responsabilização de políticos envolvidos em crimes.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas