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24 de setembro de 2025 - 23h07
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POLÍTICA

Zambelli nega ter ordenado invasão ao CNJ e diz que condenação é injusta

Deputada afirma que só soube de mandado falso contra Moraes após ação do hacker; ela está presa na Itália

24 setembro 2025 - 13h15Rayanderson Guerra
Em depoimento virtual, Carla Zambelli negou ter ordenado invasão ao sistema do CNJ e disse que processo no STF é injusto.
Em depoimento virtual, Carla Zambelli negou ter ordenado invasão ao sistema do CNJ e disse que processo no STF é injusto. - Foto: WILTON JUNIOR
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) negou, nesta quarta-feira, 24 de setembro, ter ordenado a invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por parte do hacker Walter Delgatti Neto, que teria inserido um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A declaração foi feita em depoimento virtual à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, que analisa o processo que pode levar à cassação de seu mandato.

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Atualmente presa na Itália, Zambelli classificou como “injusta” a condenação que sofreu no STF — ela foi sentenciada a 10 anos de prisão e à perda do mandato parlamentar, em decisão unânime da Corte, no dia 14 de maio deste ano.

Deputada se defende e nega contato com hacker durante campanha

Em sua fala aos membros da CCJ, Zambelli alegou que não teve contato com Delgatti no período em que o crime teria ocorrido. Segundo ela, o hacker só a procurou meses depois da invasão ao sistema do CNJ, realizada em 2023.

“Estou bastante tranquila de provar que o processo é injusto. Eu não participei dessa questão”, declarou. “Não falei com ele durante toda a campanha, o resto do ano. Só fui falar com ele depois de alguns meses do ocorrido, como foi dito no depoimento do perito”, afirmou.

Zambelli também alegou que só teve conhecimento do mandado falso contra Alexandre de Moraes após a sua inserção no sistema. “Eu tive acesso ao mandado de prisão depois que ele aconteceu. Antes, não”, reforçou.

Acusações e provas da investigação

A versão apresentada por Zambelli, no entanto, contraria os apontamentos feitos pela Polícia Federal. Segundo o relatório final da investigação, documentos apreendidos com a parlamentar coincidem com os arquivos inseridos por Delgatti no sistema do CNJ — o que, para os investigadores, comprova a participação da deputada no ataque cibernético.

A PF também apontou que o ataque teria sido articulado para desacreditar o Poder Judiciário e provocar uma crise institucional. Além disso, Delgatti declarou em depoimento que recebeu cerca de R$ 40 mil para realizar a tentativa de invasão, valor que teria sido pago, em parte, por meio de transferências bancárias feitas por um ex-assessor de Zambelli. O restante teria sido entregue em dinheiro vivo, em São Paulo.

O ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF, afirmou que havia uma “ligação umbilical” entre Zambelli e Delgatti, com objetivos que classificou como “antirrepublicanos”.

Cassação em pauta na Câmara

Com a condenação no Supremo, Carla Zambelli passou a ser alvo de um processo interno na Câmara que pode culminar em sua cassação. A Comissão de Constituição e Justiça é responsável por avaliar a perda de mandato, antes que a decisão seja submetida ao plenário da Casa.

Mesmo de fora do país, Zambelli vem tentando articular sua defesa junto aos parlamentares e à opinião pública. A tentativa de se desvincular do hacker Delgatti e de minimizar seu envolvimento direto no caso faz parte dessa estratégia.

A data para a deliberação final na Câmara ainda não foi confirmada, mas o caso é tratado com prioridade devido à gravidade das acusações e à condenação já imposta pela mais alta corte do país.

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