
Câmara dos Deputados decidiu, nesta quarta-feira (10), suspender por seis meses o mandato do deputado Glauber Braga (Psol-RJ), afastando a possibilidade de cassação por quebra de decoro. A punição foi aprovada por 318 votos a 141 e representou uma saída construída no próprio plenário após avaliação de que não haveria apoio suficiente para retirar o mandato do parlamentar.
A movimentação ganhou força quando lideranças da direita e do Centrão constataram que a cassação não teria os 257 votos necessários. Caso esse número não fosse alcançado, a representação contra Glauber seria automaticamente arquivada, o que levou deputados a reverem posições para garantir ao menos uma punição intermediária.
Antes da votação final, o plenário decidiu, por uma margem estreita de apenas seis votos, manter a discussão do processo antes de analisar a cassação. O placar apertado acendeu uma nova rodada de articulações e abriu espaço para o acordo pela suspensão.
O argumento da proporcionalidade passou a ser usado por parlamentares que defenderam uma penalidade mais branda. Alguns recorreram inclusive ao projeto de lei da dosimetria, que prevê redução de penas para condenados pelos atos de 8 de janeiro e para o ex-presidente Jair Bolsonaro, como referência para sustentar a adoção da suspensão em vez da cassação.
Substituirá Glauber, durante o semestre, a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ).
Entenda
Braga foi acusado de chutar Gabriel Costenaro, então integrante do Movimento Brasil Livre (MBL), dentro da Câmara dos Deputados, em abril do ano passado.
O deputado afirmou que reagiu após Costenaro, segundo ele, fazer insinuações ofensivas sobre sua mãe, a ex-prefeita de Nova Friburgo, Saudade Braga, que estava doente na época. Ela morreu 22 dias depois do episódio.

