Grupo Feitosa de Comunicação
(67) 99974-5440
(67) 3317-7890
13 de dezembro de 2025 - 04h28
sesi
POLÍTICA

Câmara rejeita perda de mandato de Carla Zambelli mesmo após condenação do STF

Placar de 227 a 110 mantém o mandato da deputada

11 dezembro 2025 - 08h00Agência Brasil
Plenário da Câmara rejeita a perda de mandato de Carla Zambelli em votação decisiva nesta quartafeira.
Plenário da Câmara rejeita a perda de mandato de Carla Zambelli em votação decisiva nesta quartafeira. - (Foto: Lula Marques/ Agência Brasil)

O plenário da Câmara dos Deputados rejeitou nesta quartafeira (10) a perda de mandato da deputada Carla Zambelli (PLSP). Foram 227 votos a favor da perda do mandato, 110 contrários e 10 abstenções. Como eram necessários 257 votos para cassação, a representação da Mesa Diretora contra a parlamentar foi arquivada.

Canal WhatsApp

Carla Zambelli foi condenada em definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de reclusão por envolvimento na invasão de sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A deputada está presa na Itália, após deixar o Brasil em decorrência do trânsito em julgado da condenação, e sua extradição ainda é aguardada.

Antes da votação em plenário, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) havia aprovado parecer do deputado Claudio Cajado (PPBA) recomendando a perda de mandato por considerar incompatível o exercício parlamentar com a reclusão em regime fechado. “Como alguém pode exercer o mandato estando recluso em regime fechado? O mandato exige presença, comparecer ao plenário e participar das comissões”, afirmou Cajado, citando jurisprudência do STF em casos anteriores.

A representação foi apresentada pela Mesa Diretora da Câmara com base em comunicado do Supremo, cujo entendimento previa que a Mesa poderia declarar a perda do mandato. Contudo, a Câmara entendeu que a análise caberia ao próprio plenário, com base na jurisprudência interna.

A 1ª Turma do STF também condenou Zambelli ao pagamento de multa e indenização de R$ 2 milhões por participação, como “instigadora”, nas invasões de sistemas por Walter Delgatti Neto e Thiago Eliezer, presos na Operação Spoofing. Segundo o Ministério Público, em janeiro de 2023 foram feitas 13 invasões nos sistemas do CNJ para inserir documentos falsos, como mandados de prisão e alvarás de soltura, incluindo um mandado contra o ministro Alexandre de Moraes.

A relatoria inicial do processo na Câmara ficou a cargo do deputado Diego Garcia (RepublicanosPR), que apresentou parecer pela manutenção do mandato, apontando fragilidades nas provas e destacando a ausência de autoria direta da deputada nos crimes. Esse parecer, no entanto, foi rejeitado pela CCJ no voto de Cajado.

O advogado de Zambelli, Fábio Pagnozzi, criticou a “fragilidade” das provas que embasaram a condenação no STF, ressaltando que parte delas se baseou em depoimentos com inconsistências. Segundo ele, a manutenção do mandato pode ajudar a parlamentar a demonstrar “dignidade” às autoridades italianas no processo de extradição.

Durante a votação, parlamentares defenderam posições distintas:

A deputada Jandira Feghali (PCdoBRJ) argumentou que, diante da condenação e prisão de Zambelli, a perda de mandato deveria ter sido aplicada automaticamente por uma decisão administrativa da própria Câmara.

O líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), sugeriu que a Mesa Diretora poderia declarar a perda de mandato em uma semana por conta de faltas em sessões, evitando levar o tema ao plenário. Técnicos da Câmara indicaram que esse limite de faltas só seria alcançado no final de fevereiro de 2026.

A líder da Minoria, Chris Tonietto (PLRJ), afirmou que cabe ao plenário decidir sobre a permanência de Zambelli no mandato, defendendo que a cassação “perpetuaria injustiça”.

Carla Zambelli foi ouvida pela CCJ em setembro por videoconferência, mas não estava presente no Brasil durante a votação no plenário.

Assine a Newsletter
Banner Whatsapp Desktop

Deixe seu Comentário

Veja Também

Mais Lidas