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19 de dezembro de 2025 - 14h32
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CÂMARA FEDERAL

Câmara cassa mandato de Alexandre Ramagem para evitar novo conflito institucional

Decisão foi tomada pela Mesa Diretora após articulação entre líderes e aval do presidente Hugo Motta

19 dezembro 2025 - 12h45Levy Teles
Presidente da Câmara, Hugo Motta afirmou que cassação de Ramagem pela Mesa buscou evitar novo conflito institucional.
Presidente da Câmara, Hugo Motta afirmou que cassação de Ramagem pela Mesa buscou evitar novo conflito institucional. - Foto: Lula Marques/Agência Brasil

A decisão da Câmara dos Deputados de cassar o mandato de Alexandre Ramagem (PL-RJ) por meio da Mesa Diretora, sem submeter o caso ao plenário, teve como objetivo evitar um novo episódio de tensão institucional entre os Poderes. A explicação foi dada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), que atribuiu a escolha a um acordo construído entre os líderes partidários.

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“Para evitar um novo episódio de conflito e de estresse institucional, houve uma decisão aqui, capitaneada pelos líderes, de que pudéssemos decidir isso pela Mesa”, afirmou Motta.

Inicialmente, o presidente da Câmara havia defendido que os casos de Ramagem e da deputada Carla Zambelli (PL-SP) fossem analisados pelo plenário. Ambos estavam foragidos à época: Zambelli havia deixado o país após ser condenada e estava presa na Itália, enquanto Ramagem encontrava-se nos Estados Unidos depois de receber uma pena de 16 anos e um mês de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo Motta, a situação de Ramagem inviabilizava qualquer exercício do mandato. “Estando fora do Brasil, como está agora, ele não poderia cumprir o mandato. E, estando no Brasil, também não poderia exercer a função, já que teria de cumprir pena em regime fechado”, argumentou.

Condenação e perda do mandato - Alexandre Ramagem foi condenado pelo STF pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. A pena fixada foi de 16 anos, um mês e 15 dias de prisão em regime fechado, além da perda automática do mandato parlamentar.

Diferentemente do caso de Ramagem, apenas a situação de Carla Zambelli foi levada ao plenário da Câmara. A decisão acabou se transformando em um revés político para Hugo Motta. Na mesma sessão, os deputados analisaram também o processo contra Glauber Braga (PSOL-RJ), acusado de agredir um ex-militante do Movimento Brasil Livre (MBL).

A expectativa nos bastidores era de que tanto Zambelli quanto Glauber perdessem seus mandatos. O resultado, porém, foi diferente. Glauber teve a cassação substituída por uma suspensão de seis meses, enquanto a cassação de Zambelli foi rejeitada pelo plenário.

Interferência do STF e nova decisão da Mesa - Após a votação, o Supremo Tribunal Federal foi acionado pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ). O STF anulou a decisão do plenário e determinou novamente a perda do mandato de Carla Zambelli. Diante do novo cenário, a deputada optou por renunciar ao cargo poucos dias depois.

No mesmo dia da renúncia, a Mesa Diretora da Câmara, sob comando de Hugo Motta, decidiu pela perda do mandato de Alexandre Ramagem e também de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ambos por faltas reiteradas. No caso de Eduardo, a decisão já era considerada esperada dentro da Casa.

Ao comentar o desfecho, Motta reconheceu o desgaste político envolvido em processos desse tipo, mas afirmou que a condução rápida das decisões foi necessária para preservar o funcionamento do Legislativo.

“Nunca é um tema que nos agrada. Muito pelo contrário, é um tema que sempre traz algum nível de constrangimento. Ninguém se sente feliz em estar cassando ou punindo o colega, mas infelizmente é da nossa função enfrentar os temas que estão sob a Mesa”, declarou.

O presidente da Câmara acrescentou que a opção por resolver os casos ainda neste ano buscou evitar novos impasses institucionais. “Decidi enfrentar esses pontos para que eles não se arrastassem para o ano que vem com problemas que não fariam bem ao dia a dia da nossa convivência na Casa.”

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