
Entre 2015 e 2025, Mato Grosso do Sul registrou uma disparidade alarmante nos índices de suicídio: 1.695 homens tiraram a própria vida contra 458 mulheres, um aumento de 270% no público masculino. Os dados são da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) e revelam a urgência de olhar com mais atenção para a saúde mental dos homens, grupo que segue mais vulnerável ao suicídio.

Somente em 2025, até agora, já foram registradas 212 mortes por suicídio no Estado, sendo 161 de homens.
A discussão ganha força no Setembro Amarelo, campanha instituída pela Lei Estadual 4.777/2015, de autoria da deputada Mara Caseiro (PSDB), que alerta para a prevenção e os riscos do silêncio diante do sofrimento psíquico.
“Falar sobre prevenção ao suicídio é um compromisso de toda a sociedade. O silêncio, muitas vezes, é o maior inimigo de quem sofre. Precisamos quebrar tabus e ampliar espaços de acolhimento”, destacou Mara.
Especialistas apontam que os homens têm mais dificuldade de reconhecer sinais de sofrimento e resistem em buscar apoio profissional. Segundo a psicóloga e psicanalista Kerolly Lopes, isso leva a diagnósticos tardios.
“As mulheres têm uma percepção maior de seus sintomas e procuram ajuda antes. Já os homens tendem a camuflar, o que faz com que cheguem aos pensamentos suicidas em estágios mais graves da depressão.”
O Ministério da Saúde alerta que a depressão é a doença mais associada ao suicídio. Entre os sintomas estão:
- tristeza profunda e sentimento de culpa;
- falta de energia, concentração e memória;
- dores físicas e mal-estar frequente;
- insônia ou sonolência excessiva;
- perda de apetite e redução da libido.
Frases como “Vou desaparecer”, “Eu só quero dormir e nunca mais acordar” ou “É inútil tentar mudar, só quero me matar” também devem ser levadas a sério como sinais de risco.
O médico Vitor Hugo Leite de Oliveira Rodrigues, especialista em emergências psiquiátricas e atuante no CAPS de Campo Grande, reforça que o isolamento social e a perda de interesse em atividades antes prazerosas são sinais clássicos. “Sempre ofereça ajuda. É preciso vencer o tabu e mostrar que pedir apoio não é fraqueza.”
A depressão também é uma das principais causas de afastamento no trabalho. Em 2024, foram 2.408 afastamentos por depressão em MS, segundo o Ministério da Previdência.
A advogada Kelly Luiza Ferreira do Valle lembra que homens e mulheres com diagnóstico têm direito a benefícios previdenciários. “Auxílio por incapacidade temporária, aposentadoria por incapacidade permanente e o BPC podem garantir suporte financeiro durante o tratamento. É fundamental buscar laudos médicos e orientação profissional.”
Onde buscar ajuda gratuita
- Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) – atendimento gratuito em todo o Estado;
- Núcleo de Prevenção ao Suicídio da Prefeitura de Campo Grande;
- Hospitais públicos e unidades básicas de saúde com suporte psicológico.
- Se você ou alguém próximo precisa de ajuda, ligue 188 (CVV). O atendimento é gratuito, anônimo e disponível 24 horas.
