
O governo brasileiro reagiu com firmeza às declarações do vice-secretário do Departamento de Estado dos EUA, Christopher Landau, que acusou um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) de concentrar “poder ditatorial” ao supostamente ameaçar líderes de outros Poderes.

O Itamaraty classificou a fala como “ataque frontal à soberania” e ressaltou que o Brasil “não se curvará a pressões, venham de onde vierem”. A nota também lembrou que esta foi a segunda manifestação considerada hostil por parte de autoridades norte-americanas em apenas três dias.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também condenou as falas de Landau, chamando-as de “arrogantes” e “gravíssima ofensa”. Segundo ela, quem tentou usurpar o poder no Brasil foi o ex-presidente Jair Bolsonaro, e não o Judiciário. “Se querem restaurar a amizade histórica, respeitem a soberania do Brasil e parem de apoiar o golpista que tentou destruir nossa democracia”, afirmou.
A crise diplomática se intensificou após a Embaixada dos EUA em Brasília traduzir e republicar as declarações de Landau, que disse ser “possível negociar com líderes do Executivo ou Legislativo, mas não com um juiz”. O magistrado citado não foi nomeado, mas o alvo das críticas tem sido o ministro Alexandre de Moraes.
Na sexta-feira (8), o Itamaraty convocou o encarregado de negócios norte-americano, Gabriel Escobar, para protestar contra as postagens e advertências feitas por diplomatas dos EUA. Na quinta (7), a embaixada já havia reproduzido um comentário acusando Moraes de “censura” e “perseguição” contra Bolsonaro, incluindo ameaças a autoridades que o apoiam.
Os ataques verbais se somam às sanções financeiras impostas a Moraes com base na Lei Magnitsky e ao tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, medidas justificadas pelo governo de Donald Trump como resposta à atuação do STF.
