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12 de dezembro de 2025 - 16h45
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POLÍTICA

Boulos critica Hugo Motta e fala em 'chantagem da extrema direita'

Ministro da Secretaria-Geral condena condução da Câmara e acusa articulação bolsonarista para pressionar o STF

12 dezembro 2025 - 12h55Vera Rosa e Gabriel Hirabahasi
Guilherme Boulos critica condução da Câmara e acusa articulação bolsonarista de pressionar o STF.
Guilherme Boulos critica condução da Câmara e acusa articulação bolsonarista de pressionar o STF. - Valter Campanato/Agência Brasil

A crise entre o Executivo e o Legislativo ganhou novo capítulo nesta sexta-feira (12), com duras críticas do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos (PSOL), ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Segundo o ministro, Motta estaria cometendo "erros graves" e agindo com "dois pesos e duas medidas" na condução da Casa.

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A declaração de Boulos ocorreu após a aprovação do projeto de lei que reduz as penas impostas pelo Supremo Tribunal Federal ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a outros envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O texto, apelidado por setores da esquerda de “anistia envergonhada”, gerou forte reação por parte de parlamentares, movimentos sociais e artistas, que convocaram manifestações em todo o país neste domingo (14) sob o lema “Democracia não se negocia”.

“É inaceitável a maneira como têm sido conduzidas questões na Câmara dos Deputados. Ter pautado o projeto da anistia envergonhada e ter trabalhado por sua aprovação é um erro grave, que coloca a Câmara de costas para o povo brasileiro”, afirmou Boulos, em entrevista à imprensa.

Conflito na Câmara acirra os ânimos - O episódio mais recente que contribuiu para a escalada de tensão ocorreu na quarta-feira (10), quando o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) foi retirado à força de seu assento pela Polícia Legislativa, após protestar contra a votação do projeto de anistia. O tumulto terminou com parlamentares e jornalistas agredidos dentro do plenário da Câmara.

Boulos criticou o tratamento diferenciado dado a membros da base bolsonarista em episódios semelhantes. “A anistia envergonhada foi aprovada no mesmo dia em que tivemos aquela cena lamentável, com jornalistas e parlamentares agredidos, sendo que há pouco tempo deputados bolsonaristas ficaram naquela Mesa por dois dias e foram tratados a pão de ló”, comparou o ministro.

Apesar de não se posicionar diretamente sobre a declaração do líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que pediu a renúncia de Hugo Motta, Boulos indicou o desconforto do governo com a gestão da Casa. “Lindbergh é líder do PT. Eu hoje sou deputado licenciado e respondo pelo governo”, afirmou, evitando endossar publicamente o pedido.

No mesmo dia da confusão envolvendo Glauber Braga, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) teve o mandato suspenso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF. Condenada a dez anos de prisão por invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com a ajuda do hacker Walter Delgatti Neto, Zambelli não foi cassada pela Câmara, o que aumentou ainda mais a percepção de tratamento desigual dentro da Casa.

Já Glauber, sem condenação judicial, foi punido com suspensão de seis meses por quebra de decoro, em votação articulada pela presidência da Câmara.

'Faca no pescoço do Judiciário', alerta Boulos

Para Guilherme Boulos, as recentes ações da base bolsonarista no Congresso fazem parte de uma estratégia maior: pressionar o Supremo Tribunal Federal. “Está em curso uma força-tarefa da extrema direita para chantagear o Supremo. Querem ganhar o Senado em 2026 para fazer chantagem com o Judiciário. Não é por um projeto de país”, alertou.

A eleição de 2026 será decisiva para o futuro do Senado. Das 81 cadeiras, 54 estarão em disputa. Aliados de Bolsonaro apostam que, com maioria na Casa, será possível levar adiante processos de impeachment contra ministros do Supremo.

“Querem botar a faca no pescoço do Judiciário para anistiar o bando de golpistas”, afirmou o ministro.

Mobilização nacional no domingo - Em resposta aos recentes movimentos do Congresso, partidos de esquerda, movimentos sociais e artistas estão convocando atos em várias capitais brasileiras no domingo (14). A mobilização, batizada de “Democracia não se negocia”, pretende reunir apoiadores da democracia e pressionar o Legislativo a recuar em projetos que enfraqueçam a responsabilização dos envolvidos nos ataques às instituições em janeiro de 2023.

Deputado federal mais votado pelo PSOL, Guilherme Boulos anunciou que não concorrerá à reeleição em 2026, já que, caso disputasse, precisaria deixar o cargo no governo em abril do ano que vem. A decisão também foi interpretada como um sinal de que o PSOL prepara uma candidatura de Boulos para o governo de São Paulo.

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