
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preferiu não se manifestar sobre a prisão da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), sua antiga aliada e colega de partido, na manhã desta quarta-feira, 30. Na sede do PL em Brasília, quando questionado por jornalistas sobre o assunto, Bolsonaro respondeu com ironia: "Tem censura no Brasil ou não?", sem dar mais detalhes sobre a prisão de Zambelli. Ele foi orientado por seus advogados a não comentar sobre o caso, uma vez que está sujeito a medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Apesar de não estar proibido de falar publicamente, Bolsonaro não pode se comunicar através das redes sociais próprias ou de terceiros.

A deputada Carla Zambelli foi presa na noite de terça-feira, 29, na Itália, após passar dois meses foragida no país. Zambelli, condenada a dez anos de prisão pelo STF por coordenar uma invasão hacker aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), havia afirmado que sua cidadania italiana a tornaria "intocável" na Itália. Sua prisão ocorreu depois que o deputado italiano Angelo Bonelli forneceu informações sobre o paradeiro da parlamentar para a polícia italiana, ajudando na sua localização e captura.
Reação da família Bolsonaro
Enquanto o ex-presidente se manteve em silêncio, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho de Jair Bolsonaro, foi o único membro da família a se manifestar publicamente sobre a prisão. Flávio agradeceu ao vice-premiê italiano Matteo Salvini pela "atenção ao caso" e compartilhou a notícia de que Salvini visitará Zambelli na prisão. "Ela também é vítima da perseguição política promovida contra a direita e aliados de Bolsonaro aqui no Brasil. Vamos resgatar a nossa democracia!", escreveu Flávio em seu perfil no X (antigo Twitter).
Zambelli, que está na Itália desde a sua condenação, havia publicado um vídeo no último sábado, 26, em suas redes sociais agradecendo a Flávio Bolsonaro por sua ajuda. No vídeo, Zambelli agradeceu ao senador por ter pedido às autoridades italianas que a recebessem, alegando ser uma "exilada política" e "perseguida política" no Brasil. "Eu queria dizer que hoje acordei com uma notícia muito boa, que é um vídeo do Flávio Bolsonaro falando por mim, pedindo por mim para a Giorgia Meloni (primeira-ministra da Itália), para o Matteo Salvini, que é o vice-primeiro-ministro daqui, pedindo para que me recebessem porque sou uma exilada política", afirmou Zambelli.
Detalhes sobre a prisão de Zambelli
A prisão de Carla Zambelli ocorreu após o deputado italiano Angelo Bonelli fornecer o endereço de Zambelli à polícia nacional italiana, em Roma. Bonelli detalhou o processo em entrevista ao ICL Notícias, afirmando que, após ser informado do paradeiro de Zambelli às 18h40 (horário local), repassou a informação à polícia às 19h50. A polícia então localizou Zambelli em um apartamento no bairro Aurélio, em Roma, e a prendeu às 21h.
Desdobramentos do caso Zambelli
A prisão de Carla Zambelli, que se encontrava na Itália para evitar cumprir sua pena no Brasil, adiciona mais um capítulo à política brasileira e à relação entre o país e a Itália. A postura do ex-presidente Bolsonaro, que optou por não comentar diretamente o caso, contrasta com a atuação de seus familiares, que continuam a se posicionar publicamente, enquanto o caso segue em desenvolvimento, com Zambelli aguardando os próximos passos de sua situação judicial.
