O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou que estará presente na motociata organizada por apoiadores nesta terça-feira, 29, em Brasília. Apesar da participação, ele adiantou que não pilotará moto durante o evento, como costumava fazer em manifestações anteriores. A decisão, segundo ele, está ligada às medidas cautelares impostas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e também a uma orientação de sua esposa, Michelle Bolsonaro.
“Vou participar do evento. Sou motociclista, mas não devo participar da motociata, não”, afirmou Bolsonaro nesta segunda-feira (28), na sede do Partido Liberal (PL). Questionado sobre os motivos, evitou se alongar: “Quer que eu vá para a cadeia amanhã?”, disse a jornalistas, em referência às proibições judiciais determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Presença confirmada nas redes do PL - O evento faz parte da programação do Capital Moto Week, tradicional encontro de motociclistas da capital federal, e teve sua participação confirmada por postagens nas redes sociais do Partido Liberal e também por parlamentares próximos ao ex-presidente. Entre eles, estão a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, e o deputado Gustavo Gayer (PL-GO).
Na manhã desta terça, Bolsonaro voltou a comentar sua participação, reforçando que não pilotará. Desta vez, alegou questões de saúde, mencionando uma “medida restritiva da dona Michelle”, referindo-se à esposa.
Motociatas e contexto político - As motociatas se tornaram uma marca dos eventos bolsonaristas desde seu mandato presidencial. Bolsonaro participou de diversas edições em várias regiões do País, sempre pilotando motocicletas em meio a grandes aglomerações de apoiadores — muitas delas realizadas durante a pandemia de covid-19, desafiando as recomendações sanitárias da época.
Dessa vez, no entanto, o cenário é diferente. Bolsonaro está sob diversas restrições judiciais impostas pelo STF, que o proíbem de usar redes sociais próprias ou de terceiros e determinam recolhimento domiciliar noturno — das 19h às 6h em dias úteis, e em período integral aos finais de semana. Ele também usa tornozeleira eletrônica, conforme decisão do ministro Alexandre de Moraes, no contexto das investigações em curso que envolvem a tentativa de golpe de Estado e ataques à democracia.
Cautela e tentativa de preservar protagonismo - A decisão de comparecer ao evento, ainda que sem subir na moto, indica que Bolsonaro busca manter sua presença política ativa junto à base de apoiadores, mesmo diante de restrições judiciais. A participação simbólica tem valor estratégico para seu grupo, que continua promovendo atos de mobilização e tentativa de reafirmação da força do ex-presidente.
Enquanto o ex-presidente mantém o silêncio sobre os desdobramentos de sua situação jurídica, seus aliados seguem usando eventos como o Capital Moto Week para alimentar a militância e reforçar o discurso de perseguição política, recorrente nas falas dos parlamentares da ala bolsonarista.
A motociata desta terça representa mais um episódio da tentativa do ex-chefe do Executivo de se manter em evidência no cenário nacional, mesmo sob limitações impostas pela Justiça.
